São Paulo, sexta-feira, 26 de novembro de 2004

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Diretores discutem filmes no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Um mistério ainda cerca "Peões" e "Entreatos": o que Lula e a cúpula do PT pensam dos filmes de Eduardo Coutinho e João Moreira Salles? Em debate realizado anteontem, no Rio, após a exibição dos dois documentários, Salles disse que enviou para o Planalto, em dezembro, uma versão maior do filme e, recentemente, a final, junto do longa de Coutinho. Resposta? Nenhuma.
"Nunca houve qualquer interferência de Lula nem de ninguém no nosso trabalho. E continua assim. Em nenhum documentário do gênero, algum diretor teve tanto acesso a um candidato como eu tive. É surpreendente que eu tenha podido ver tanto", afirmou.
Boa parte das perguntas da platéia do Cine Odeon BR explorou as supostas contradições entre o Lula de hoje e o metalúrgico e o candidato, dos filmes. "Como não acredito em grandes utopias, não estou frustrado [com o governo]. Mas é claro que não estou satisfeito", disse Coutinho. "O lamentável é que só haja um discurso possível. Mas antes ser cauteloso do que ser aventureiro", afirmou Salles. "Só que a cautela não é heróica", completou Coutinho.
Salles chamou de preconceituosas as críticas a Lula que têm saído na imprensa em razão de características suas mostradas nos filmes: o gosto pela cachaça, o prazer de usar ternos, o cuidado com a própria imagem.
"Estou convencido com as minhas vísceras de que Lula não produziu um falso Lula. A visão de que ele foi domesticado pelo marketing político é ingênua. O que fez o [publicitário] Duda [Mendonça] foi aproximar o Lula do Lula real", afirmou Salles, ressaltando o humor que o então candidato mostra no filme.
"Eu não quis terminar o filme de uma maneira épica, com o Lula sendo cumprimentado [pelo telefone] por [George W.] Bush e [Tony] Blair, porque governar o Brasil não é épico, é administrar miudezas", disse Salles.


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