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Diretores discutem filmes no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
Um mistério ainda cerca
"Peões" e "Entreatos": o que Lula
e a cúpula do PT pensam dos filmes de Eduardo Coutinho e João
Moreira Salles? Em debate realizado anteontem, no Rio, após a exibição dos dois documentários,
Salles disse que enviou para o Planalto, em dezembro, uma versão
maior do filme e, recentemente, a
final, junto do longa de Coutinho.
Resposta? Nenhuma.
"Nunca houve qualquer interferência de Lula nem de ninguém
no nosso trabalho. E continua assim. Em nenhum documentário
do gênero, algum diretor teve tanto acesso a um candidato como eu
tive. É surpreendente que eu tenha podido ver tanto", afirmou.
Boa parte das perguntas da platéia do Cine Odeon BR explorou
as supostas contradições entre o
Lula de hoje e o metalúrgico e o
candidato, dos filmes. "Como não
acredito em grandes utopias, não
estou frustrado [com o governo].
Mas é claro que não estou satisfeito", disse Coutinho. "O lamentável é que só haja um discurso possível. Mas antes ser cauteloso do
que ser aventureiro", afirmou Salles. "Só que a cautela não é heróica", completou Coutinho.
Salles chamou de preconceituosas as críticas a Lula que têm saído
na imprensa em razão de características suas mostradas nos filmes: o gosto pela cachaça, o prazer de usar ternos, o cuidado com
a própria imagem.
"Estou convencido com as minhas vísceras de que Lula não
produziu um falso Lula. A visão
de que ele foi domesticado pelo
marketing político é ingênua. O
que fez o [publicitário] Duda
[Mendonça] foi aproximar o Lula
do Lula real", afirmou Salles, ressaltando o humor que o então
candidato mostra no filme.
"Eu não quis terminar o filme
de uma maneira épica, com o Lula sendo cumprimentado [pelo
telefone] por [George W.] Bush e
[Tony] Blair, porque governar o
Brasil não é épico, é administrar
miudezas", disse Salles.
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