São Paulo, sexta-feira, 26 de novembro de 2004

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ERIKA PALOMINO

ELECTROCLASH ESTÁ MORTO; JURO QUE NÃO FUI EU

Bom, se o pai do electroclash disse que o gênero está morto, quem sou eu para discordar? O norte-americano Larry Tee veio tocar em SP nesta semana e decretou: "Electroclash is over", citando (ou não?) o clássico de Miss Kittin que deu origem a tudo. É certo que todo mundo já sabia que esse deboche não iria durar para sempre. Mas, como todo movimento eletrônico que se preza, ele absorveu novas influências e andou para a frente. Ufa. Então temos respingos de hip hop e timbres dos 80 que já vinham com barulhos de rock e levadas funk e disco. Mas a marca mais importante dessa nova sonoridade são os valores (e sons) acid house. Escapismo pouco é bobagem, ainda mais nessa maluquice do dia-a-dia, e a acid confere o revival dos anos 70 em curso.
Na última terça, quem foi, de modo heróico, eu diria, ao Amp, ouviu um dos pais da acid, Mark Moore, que fez história com o S-Express. Pois lá, abriu com um remix acid de "Sweet Dreams" e misturou hits de ontem, hoje e sempre -tudo com sonoridade acid. O ápice da noite foi a versão 2000 de "Theme from S-Express", mais electro e com o mesmo espírito de "The Only Way Is Up", da Yazz!, que era o que tocava em 88, quando eu comecei a escrever nestas páginas. É verdade que esse momento acid house já tinha sido apontado pelo CD "House of Colette". O que só prova que Sarah e o Michel Gaubert sabem das coisas mesmo!

COMO É ESSA NOVA SONORIDADE?
Não entendeu os fundamentinhos do novo som? Pois se joga na internet e procura a música nova de Tiga, "Louder than a Bomb". O homem que nos deu "Sunglasses at Night" faz exatamente o que se espera dele: migra, encontrando uma nova sonoridade. Tem rock, funk, disco, electro e hip hop. E quem não se tocou que 2004 viu o fim da segmentação musical? Foi, claro, o assunto do ano. E o Metro Area novo? House nova, com timbres de electro e sensacional arranjo de violinos. Chique, a cara do futuro.

MARCA TEM DUPLA HYPE NA CRIAÇÃO
Tem marca nova no mercado de roupas para adolescentes e pós-adolescentes. É a Gokko, que quer pegar o carente mercado de roupa de festa. Tá certo. Quantas festas de 15 anos tem por ano e os garotos e garotas mais bacanas não sabem o que vestir e se revoltam? A direção criativa da nova marca tem dois talentosos profissionais da nova geração: a estilista Simone Nunes e o stylist Daniel Ueda. A loja da Gokko inaugura na quinta que vem, na vilinha fofa onde fica Adriana Barra. O endereço é r. Peixoto Gomide, 1.801, casa 2.

A MÚSICA DO MOMENTO, PARA MIM
Agora, fazendo a íntima aqui, para mim uma das músicas do momento é justamente o "Moon River" de "Má Educação". Eu não costumo ver filmes de crianças abusadas, mas não dá para deixar de ver Gael García Bernal por Almodóvar. O filme é triste, perturbador, mas estranhamente doce, eu achei. E Gael está arrebentando. Uma das cenas mais lindas é quando o garoto canta "Moon River", com o medonho padre Manolo ao violão. Perfeito, como as trecaiadas absurdas de Gaultier.

RAVERS DE PERIFERIA ESTÃO EM VÍDEO
Foi bem gostosa a cerimônia de encerramento do Festival Mix Brasil, em SP, que rolou no domingo (21/11) no MIS. Uma surpresa legal foi a premiação do documentário clubber "Operação Cavalo de Tróia", do trio de novos cineastas Laura Taffarel, Thiago Villas Boas e Axel Weisz. O vídeo, que levou o Troféu Coelho de Prata do júri oficial para documentários, mostra grupos de animados ravers da periferia de SP, tentando entrar -no trucón, sem pagar- em uma das edições da MegAvonts. Ele acompanha grupos de Ferraz de Vasconcelos, Rio Pequeno, Itaquera e outras regiões na saga da invasão, que inclui florestas, rios, corre-corre para escapar dos seguranças, pitbulls latindo, babado e confusão. "A gente tinha amigos que trabalhavam em raves e acabava indo. Eu sempre via os meninos sendo tirados pelos seguranças e voltando novamente e achei que era mais legal fazer um documentário disso do que sobre os freqüentadores em si", conta Laura Taffarel. A linguagem é um mix "Bruxa de Blair" e videoclipes, ao som de drum'n'bass. "Operação Cavalo de Tróia" está na mostra competitiva em cartaz no Festival Mix Brasil, que acontece no Rio até domingo (28/11) e segue para Brasília, entre 1º e 19/12. Tem que ver.

NOVO LIVRO DE MODA À VISTA
O povo da moda está nervoso com o livro da revista "Caras", comemorativo da SP Fashion Week, que será lançado no início do ano, no evento. O fotógrafo e editor Marco Rosa está na gincana de levar os fashionistas até o estúdio, nas situações mais inusitadas. Todo mundo quer estar dentro.


Colaborou Sergio Amaral, free-lance para a Folha

epalomino@folhasp.com.br

na noite ilustrada...
Fim de ano animado. Na Technova, do Lov.e tem o top Ian Pooley; na nova Lotus tem hoje a estréia da noite de house de Felipe Venancio; no D-Edge, Nego Moçambique é o convidado da Freak Chic e, no Exxex, rola a Defumadora com Camila Kfouri, Liana Padilha e Luca Lauri no som, tocando electro e punk-funk-rock. Amanhã tem Delicious, no Funhouse, com DJ Bezzi; e a festa de disco, rock, 80's e loucurinhas Hot Stuff, de Paulo Marra e Israel do Vale, queridos, no Cambridge. Ainda no sábado: a festa de cinco anos da SP Groove (www.spgroove.com) e a apresentação do DJ Dean Coleman, no Sirena, em Maresias. No domingón tem show da performática Karine Alexandrino, que vem a SP lançar seu CD, "Querem Acabar Comigo, Roberto" -de sonoridade anos 60 e pique beatnik-, na Dois em Um, no Avenida (av. Pedroso de Moraes, 1.036); o horário é tipo matinê, às 19h. Para quem quer clubbing dominical (no feriado foi tudo, não?), hip hop no Lov.e, indie-rock n'A Lôca, drum'n'bass no D-Edge e, para as bis, Ultralounge. Na On the Rocks da segunda tem os VJs Edgar Picolli e Léo Madeira tocando suas favoritas. Na terça rola a Elektra no Tostex; Gláucia ++ toca e Léia Bastos recebe o povo na entrada. Na quarta é a vez de mais uma animada Pancadão, com DJ Marlboro no Lov.e; e, no Lotus, rola noite de hip hop com DJ Milk. Se joga, amor


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