São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2005

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MÔNICA BERGAMO


BÁRBARA, A ESCRITORA No caminho entre sua vida de dona-de-casa e o lançamento de seu livro, "O Poder Feminino", houve uma lipoaspiração, aplicação de silicone nos seios, três sessões de peelings, correção de miopia, colocação de aparelhos ortodônticos, mudança no tom e no corte de cabelo

Na manhã de quinta-feira, Bárbara Reiter, "37 anos e meio", atendeu o telefone de sua assessora de imprensa. Ela iria a um desfile no Jockey Club na hora do almoço? "Vou, sim. Mas agora estou dando entrevista." Bárbara desliga o telefone e explica: "Eu a contratei para que ela selecione os eventos aos quais devo ou não ir". Ex-dona de casa, ela agora se define como "minor celebrity, uma celebridade meia boca". Nessa condição, foi ao desfile, compareceu à inauguração de uma loja de roupas, gravou um programa de TV e acertou com a editora Abril a publicação de uma coluna numa revista feminina.

 

E por que Bárbara está conseguindo chegar lá, no mundo das celebridades, tendo passado a vida cuidando de filhos e sem ter tido a sorte sequer de participar de um "BBB"? É simples: ela fez uma plástica.
 

Ou melhor, uma série: depois da primeira cirurgia, nas pernas, Bárbara se empolgou: fez cirurgia de correção da miopia, modificou hábitos alimentares, tingiu o cabelo, fez peeling, implantou 295 ml de silicone nos seios e clareou os dentes. "Gastei um carro de luxo", diz. Bárbara parcelou suas operações em 12 prestações de R$ 350.
 

Lourdes sustentava 130 quilos para 1,70 m numa época em que "era impossível encontrar uma calça jeans que me servisse". Por causa da saúde, Lourdes precisou fazer dieta. Depois de perder 53 quilos com sopas e visitas freqüentes a spas, ganhou auto-estima, mas teve que enfrentar a flacidez que veio junto com o emagrecimento.
 

A primeira "megalipo" que Lourdes fez na Clínica Santé foi há dois anos. Tirou excessos nos braços, nas coxas, no abdômen e na cintura. No ano seguinte, lipou as costas e pernas. Comprou calças jeans "transadas", pintou e alongou os cabelos e colocou um impensável piercing no umbigo. Entre spas, dietas, cirurgias e retoques gastou R$ 100 mil. Tudo parcelado. Ficou irreconhecível.
 

Há limite, afinal, para modificar o próprio corpo, já que há empresas que facilitam o acesso às cirurgias em até 45 prestações? "O bom senso é a nossa bússola", diz Leonard Bannett, dono da Clínica Santé. "Temos de nos prender às proporções. Feiúra é sinônimo de desproporção estética." A cirurgiã Loriti Breuel é pragmática ao afirmar que "o ótimo pode ser inimigo do bom. É que nem sal na comida. É preciso saber a medida certa".

O passo seguinte foi procurar uma editora para escrever um livro, "O Poder Feminino" (ed. Matrix), em que dá conselhos sentimentais e indica que creme está usando no momento. Criou um site onde armazena pílulas de aconselhamentos e "até cantadas de leitores". Uma vida bem diferente da que levava quando nasceu Richard, seu primeiro filho. "Eu estava gorda, só pensava em comer e vestia roupa que parecia de astronauta."
 

Os últimos números da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica mostram que 374 mil pessoas fizeram esse tipo de cirurgia em 2003 -81% delas, mulheres. As cirurgias de mamas são as mais comuns, representando 36% do total.
 

A advogada Lourdes Roncolato é mais modesta que Bárbara. Para ela, virar uma celebridade em São Bernardo do Campo, onde mora e trabalha, depois de ter feito uma cirurgia plástica, é mais do que suficiente. "Eu não acreditei quando comecei a ouvir cantada na rua. Ninguém havia me notado antes", diverte-se ela, que é casada há 22 anos e há dez resolveu mudar radicalmente o próprio corpo.
 

"Depois que me estiquei dos pés à cabeça, acho que rejuvenesci por dentro. É divertido um moleque de 24 anos me chamar de linda", diz a funcionária pública Magda [ela prefere não dar o sobrenome].
 

Ela decidiu que faria o primeiro retoque aos 40 anos, mas tinha medo "de ficar com cara de plástica" e por isso adiou a cirurgia nas pálpebras por 14 anos, quando entrou em depressão. "Depois da cirurgia [aos 54 anos], eu me vi com cara de 35 anos e decidi que não poderia brigar com a aparência de meu rosto. Decidi fazer o resto", diz ela. Há quatro meses, Magda fez lipo e colocou próteses nos seios.
 

Zilda Figueiredo é mãe de quatro filhos e desde a primeira gravidez é leitora ávida de revistas de boa forma. "Aos 21 anos, tinha quatro filhos, estrias, nenhum marido e nenhum dinheiro", afirma. A salvação chegou há três anos, com uma herança que recebeu do pai. "Decidi encarar o desafio." Ela gastou cerca de R$ 20 mil para eliminar as estrias, modificar o nariz, fazer lifting e lipo, além de aplicar 300 ml de silicone. Depois, como todas, mudou a cor e alisou o cabelo. O namorado novo aprovou.


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