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FESTIVAL
O cinema
documental
faz sua festa
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Começa hoje no Centro Cultural
Banco do Brasil, no Rio, o 3º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. Em São Paulo, o evento acontece entre 30 de
março e 5 de abril, em dois lugares: Cinesesc e Museu da Imagem
e do Som (MIS).
Dirigido pelo crítico Amir Labaki, articulista da Folha, o festival é
considerado o mais importante do
gênero na América Latina. Este
ano, 18 filmes disputam a competição internacional e nove a competição nacional. O prêmio para o
filme vencedor, em ambas as disputas, é de US$ 5 mil.
Fora da competição, será apresentada uma retrospectiva do cineasta dinamarquês Jon Bang
Carlsen. Convidado do festival, Carlsen participará de debate na Folha no próximo dia 2.
Destaques
Na mostra internacional, alguns
dos destaques são o mexicano
"Mas Afinal Quem É Juliette?", o
norte-americano "El Dia que Me
Quieras" e o russo "Quarta-Feira,
19 de Julho de 1961".
O primeiro, dirigido por Carlo
Marcovich, literalmente reconstrói a vida de uma adolescente pobre cubana, misturando documento e encenação e promovendo
um encontro da protagonista com
o pai, que emigrara aos EUA anos
atrás. O filme venceu a competição latina do Sundance Festival
(EUA) deste ano.
O curta "El Dia que Me Quieras", de Leandro Katz, premiado
no Festival de Havana do ano passado, investiga o significado da última foto de Che Guevara, morto,
rodeado por seus captores, na Bolívia. O diretor também é convidado do festival.
"Quarta-Feira, 19 de Julho de
1961", de Viktor Kossakovsky, retrata 70 homens e mulheres nascidos no mesmo dia que o cineasta,
em São Petersburgo. Ganhou o
prêmio da crítica em Berlim e o de
melhor documentário no Festival
de Edinburgo (Escócia).
A representação do negro no cinema norte-americano é o tema
de "Classified X - O Cinema Negro Segundo Melvin Van Peebles", realizado na França por
Mark Daniels. O cineasta e ator
negro Melvin Van Peebles, pai do
também diretor Mario Van Peebles, comenta as imagens de discriminação do negro produzidas
por Hollywood.
Obras de impacto
Outros títulos que devem provocar impacto são o curta sueco
"Botas Assassinas", de Kjell-Ake
Olsson, sobre jovens que usam
suas botinas como armas letais, e
o média "Assumindo o Passado",
de Jeffe Dupre, que biografa cinco
gays e lésbicas em três séculos de
história americana.
"Assumindo o Passado" conquistou o prêmio do público para
documentário no Sundance. Seu
diretor, Jeffre Dupre, também é
convidado do É Tudo Verdade.
O longa argentino "Tinta Vermelha", que acompanha o
dia-a-dia na redação de um jornal
popular de Buenos Aires, terá
pré-estréia mundial no festival.
Seus realizadores, Marcelo Céspedes e Carmen Guarini, são convidados do evento.
Três filmes brasileiros participam da competição internacional:
"Nelson Sargento", de Estevão
Pantoja; "O Cineasta da Selva", de
Aurélio Michiles; e "Geraldo Filme", de Carlos Cortez.
Este último, que traça um painel
do samba paulista a partir da vida
e obra do compositor Geraldo Filme, é totalmente inédito e abrirá a
parte paulistana do festival, dia 30,
no Cinesesc.
O júri internacional é composto
por Audrius Stonys (documentarista lituano), Kevin Macdonald
(cineasta e historiador escocês) e
Toni Venturi (cineasta brasileiro,
diretor de "O Velho"). O júri brasileiro é formado pelos cineastas
Tata Amaral, Tetê Vasconcelos e
Thomas Farkas.
Eisenstein
O festival inclui ainda dois programas paralelos: a Mostra Informativa Vídeo e TV e a retrospectiva de filmes dirigidos pelos jurados do evento.
Na primeira, o destaque absoluto é "Eisenstein - A Casa do Mestre", co-produção russo-alemã dirigida por Naum Klejman, Marianna Kirejewa e Alexander Iskin.
Trata-se de um documentário
excepcional sobre a vida e a obra
do cineasta soviético Sergei Eisenstein, focalizando sobretudo
sua inquietação, sua errância e
seus conflitos com o poder.
Com imagens preciosas -como
as de Eisenstein dando aulas, ou as
do congresso de cineastas em que
ele foi obrigado a "se retratar" perante o stalinismo- alinhavadas
por trechos de filmes do próprio
diretor e de outros gigantes (Stroheim, Lang, Murnau, Griffith), o
filme é uma vibrante reflexão sobre a tensão entre política e estética na obra do biografado.
Não poderia haver melhor homenagem a um dos maiores cineastas de todos os tempos, no
centenário de seu nascimento.
Na mesma mostra, merecem
atenção os brasileiros "Jorge
Amado", de João Moreira Salles, e
"Will Eisner, Profissão Cartunista", de Marisa Furtado e Paulo
Serran.
O primeiro aborda a obra do escritor baiano como ponto fulcral
das discussões sobre a mestiçagem
no Brasil. O segundo é o piloto de
uma série sobre o mestre norte-americano dos quadrinhos, criador
do "Spirit", e suas relações com o
Brasil.
Organizado pela Associação
Cultural Kinoforum, o 3º Festival
Internacional de Documentários
tem patrocínio do Centro Cultural
Banco do Brasil, co-promoção do
Sesc-SP e co-patrocínio do Ministério da Cultura e da Secretaria da
Cultura do Estado de São Paulo.
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