São Paulo, sexta, 27 de março de 1998

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Topázio é apenas mais uma casa mediana

especial para a Folha

Não param de abrir restaurantes em São Paulo. Mas no lugar disso ser um signo de renovação, no mais das vezes se resume a um ritual de repetição. Como regra, é um grande tédio que se abate sobre a cidade -e sobre as ambições gastronômicas de seus gourmets.
Há uma diferença entre o restaurante realmente ruim -aquele que é medíocre não somente na concepção, mas também na qualidade do que faz- e o restaurante mediano, entediante. O Topázio, exemplo de hoje, está longe de ser um restaurante ruim.
É confortável, tem preços suportáveis, pratos que, quase todos, pode-se comer até o fim sem sustos. Mas onde fica a criatividade, a inovação, a emoção?
Uma visita descompromissada ao Topázio mostrará um ambiente bastante profissional. Além da comodidade de manobrista e estacionamento (embora pagos), das poltronas espaçosas, dos talheres decentes, teremos à mesa pratos que revelam a experiência do proprietário, André Jean Frank.
Ainda jovem, com 33 anos, ele tem um caso com a cozinha desde criança (fez sua primeira receita aos cinco anos), e ao mudar-se para Israel, em 1979, um ano depois já trabalhava num restaurante.
Chegando ao Brasil em 89, manteve-se no ramo, passando por restaurantes como o Capricho, La Vecchia Cucina e Il Menestrello. Ele inaugurou o Topázio em 97, dando-lhe um perfil italiano -é sua culinária predileta.
Ali implantou um cardápio extenso, e como dizia, profissional. Mas sem novidades. Começa por um couvert monumental, de tirar a fome (pastas, pães, conservas, pastéis). Vários tipos de carpaccio. Risoto de funghi e outro de frutos do mar.
Entre os vários raviólis, alguns diferentes, mais para exóticos (de brie com molho de uvas; de maçã com molho de uvas passas, creme de leite e mostarda); massas secas com 14 opções de molhos; carnes com molhos usuais (funghi, ervas, pimenta, mostarda); mais ossobuco, cabrito assado, frango com creme de milho...
O Topázio tem carpaccio decente, massas comuns palatáveis, filés sem defeitos gritantes. Massas recheadas sem maiores defeitos, como as conchiglie recheadas com mussarela e cobertas de molho de tomate (para que gratiná-la?).
Um ossobuco um pouco duro, mas de molho denso. O restaurante é decente. Mas mediano como tantos e tantos. Provoca um tédio... (JM)



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