São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2007

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THIAGO NEY

O Google e o pop

Para o mundo do mercado financeiro, o Google é o que chamam de hype no mundo da música pop

A NOTÍCIA veio no começo da semana: o Google tornou-se a marca mais valiosa do mundo. Em pesquisa encomendada pela consultoria britânica Millward Brown Optimor, o valor estimado da empresa é de US$ 66,43 bilhões.
Esta coluna não é sobre negócios, mas dá, talvez, para fazer uma relação entre o Google e a música pop.
O Google foi criado em 1998, por dois estudantes universitários que tinham como sonho, além de criar um sistema de buscas confiável, baixar em seus computadores pessoais "todo o conteúdo da internet".
Após desenvolver o programa de busca numa sala na Universidade Stanford, compraram peças usadas de computadores, alugaram uma garagem e montaram algumas máquinas toscas que serviram para fazer o software funcionar. À medida que mais gente utilizava o serviço, mais peças usadas eles compravam e mais máquinas toscas montavam.
Hoje, apenas nove anos depois, o Google tornou-se a marca mais valiosa do planeta. As letrinhas coloridas numa tela de fundo branco -ou melhor, o que elas representam- valem mais do que companhias gigantescas e decanas, como Coca-Cola, Wal-Mart... Enfim, todo o resto.
Para o mundo do mercado financeiro, o Google é o que chamam de hype no mundo da música pop. Será que suas ações não estão supervalorizadas na Bolsa? O Google vale muito hoje, mas será que vai durar tanto tempo quanto uma Coca-Cola ou o uma Wal-Mart? E se aparecer outro sistema de buscas melhor do que o Google? E se aparecer um sistema de publicidade on-line mais efetivo do que o usado pelo Google?
Será esquecido rapidinho, não? Esse tipo de questão aparece bastante no pop, com um monte de bandas e DJs nascendo a cada dia.
E, conforme eles vão aparecendo, surgem as comparações com o modelo anterior de negócios a que estávamos acostumados.
Provavelmente os Strokes nunca mais farão algo tão representativo de uma época quanto "Is This It"; pode ser que o Arctic Monkeys desapareça em 2012; talvez, daqui a cinco anos, os discos de Gui Boratto e The Field estejam esquecidos.
Mas são artistas que incorporam em suas músicas e ações esse momento em que vivemos. Um mundo em que, com dois ou três cliques de mouse, você ouve canções de um disco que só sairá "oficialmente" daqui a dois ou três meses -ou seja, o disco "novo" já é velho conhecido.
Ou um mundo em que alguém como o DJ e produtor brasileiro Fabio Stein, que não é contratado por gravadora de porte, que nem tem disco lançado, consegue ter uma música sua tocada em horário nobre na Radio One britânica e, por conseqüência, ser escalado para o enorme festival holandês Dance Valley.

 

Uma das músicas mais legais do ano, "All My Friends", do LCD Soundsystem, ganhou cover feito pelo Franz Ferdinand. Ouça no www.myspace.com/lcdsoundsystem. E John Cale também foi escalado para dar sua versão da canção...

thiago@folhasp.com.br

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