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THIAGO NEY
O Google e o pop
Para o mundo do mercado financeiro, o Google é
o que chamam de hype
no mundo da música pop
A NOTÍCIA veio no começo da
semana: o Google tornou-se a
marca mais valiosa do mundo. Em pesquisa encomendada pela
consultoria britânica Millward
Brown Optimor, o valor estimado da
empresa é de US$ 66,43 bilhões.
Esta coluna não é sobre negócios,
mas dá, talvez, para fazer uma relação entre o Google e a música pop.
O Google foi criado em 1998, por
dois estudantes universitários que
tinham como sonho, além de criar
um sistema de buscas confiável, baixar em seus computadores pessoais
"todo o conteúdo da internet".
Após desenvolver o programa de
busca numa sala na Universidade
Stanford, compraram peças usadas
de computadores, alugaram uma garagem e montaram algumas máquinas toscas que serviram para fazer o
software funcionar. À medida que
mais gente utilizava o serviço, mais
peças usadas eles compravam e
mais máquinas toscas montavam.
Hoje, apenas nove anos depois, o
Google tornou-se a marca mais valiosa do planeta. As letrinhas coloridas numa tela de fundo branco -ou
melhor, o que elas representam-
valem mais do que companhias gigantescas e decanas, como Coca-Cola, Wal-Mart... Enfim, todo o resto.
Para o mundo do mercado financeiro, o Google é o que chamam de
hype no mundo da música pop. Será
que suas ações não estão supervalorizadas na Bolsa? O Google vale
muito hoje, mas será que vai durar
tanto tempo quanto uma Coca-Cola
ou o uma Wal-Mart? E se aparecer
outro sistema de buscas melhor do
que o Google? E se aparecer um sistema de publicidade on-line mais
efetivo do que o usado pelo Google?
Será esquecido rapidinho, não?
Esse tipo de questão aparece bastante no pop, com um monte de
bandas e DJs nascendo a cada dia.
E, conforme eles vão aparecendo,
surgem as comparações com o modelo anterior de negócios a que estávamos acostumados.
Provavelmente os Strokes nunca
mais farão algo tão representativo
de uma época quanto "Is This It";
pode ser que o Arctic Monkeys desapareça em 2012; talvez, daqui a cinco
anos, os discos de Gui Boratto e The
Field estejam esquecidos.
Mas são artistas que incorporam
em suas músicas e ações esse momento em que vivemos. Um mundo
em que, com dois ou três cliques de
mouse, você ouve canções de um
disco que só sairá "oficialmente" daqui a dois ou três meses -ou seja, o
disco "novo" já é velho conhecido.
Ou um mundo em que alguém como o DJ e produtor brasileiro Fabio
Stein, que não é contratado por gravadora de porte, que nem tem disco
lançado, consegue ter uma música
sua tocada em horário nobre na Radio One britânica e, por conseqüência, ser escalado para o enorme festival holandês Dance Valley.
Uma das músicas mais legais do ano,
"All My Friends", do LCD
Soundsystem, ganhou cover feito
pelo Franz Ferdinand. Ouça no
www.myspace.com/lcdsoundsystem. E John Cale também foi escalado para dar sua versão da
canção...
thiago@folhasp.com.br
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