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Crítica/"Cem Escovadas Antes de Dormir"
Drama é uma versão "soft" do estilo de Bruna Surfistinha
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
A intimidade adolescente, a descoberta da sexualidade e o encantamento pela paixão já deram origem a livros, filmes e outros relatos reveladores tanto de graça
quanto de crueldade. A perda
da inocência infantil muitas vezes funciona nesses casos como
um símbolo da desumanidade
humana.
Mas em "Cem Escovadas Antes de Dormir", a exposição
desse material não visa a nada
além da exposição pretensamente crua de uma certa obscenidade que se quer erotismo.
Disfarçado de drama adolescente, o relato, adaptado do livro de memórias de Melissa Panarello, não passa de uma versão "soft" de best-sellers de
confissões sexuais na linha
Bruna Surfistinha.
Há quem goze espiando pelo
buraco da fechadura. Cada um
se satisfaz da maneira que bem
entender. Mas, quando um filme pretende explorar os meandros mais obscuros da sexualidade humana, é conveniente
deixar de lado o moralismo.
Para não ser acusado de pornografia disfarçada, o que o filme oferece é um tratamento
pudico das transformações da
adolescência recheado de cenas de um erotismo que não se
assume como tal.
Em vez de se arriscar no território da polêmica, como os
trabalhos de Larry Clark e Catherine Breillat, o diretor italiano Luca Guadagnino prefere
vitimizar sua heroína, deixando de lado o que ainda poderia
ser considerado potência subversiva da sexualidade.
CEM ESCOVADAS ANTES DE DORMIR
Direção: Luca Guadagnino
Produção: Itália/ Espanha/ EUA, 2005
Com: María Valverde, Letizia Ciampa e Francesca Madaro
Quando: em cartaz no Frei Caneca Unibanco Arteplex,
Avaliação: péssimo
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