São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2010

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CRÍTICA RESTAURANTE

Churrascaria erra ponto da carne

Com matriz no Rio, Johnnie Pepper abre filial em SP; espaço é agradável, mas cozinha falha

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

O Rio de Janeiro acaba de exportar um restaurante para São Paulo. Curiosamente, uma casa de inspiração norte-americana, o Johnnie Pepper, que existe num shopping do Rio desde 2005 e, neste mês, abriu no Leblon e em São Paulo.
Especializada em grelhados (mas também hambúrgueres), a filial paulistana impressiona pelas dimensões (são 700 m2) e pelo visual dos vários ambientes.
Na entrada (um deque de madeira ao ar livre) e no bar em piso elevado, lembra uma lanchonete confortável. Nas áreas de trás, tem mais cara de restaurante.
Ali ficam um salão principal, com mesas amplas e sofás coloridos; e um pátio com jaboticabeira central e jardim vertical (é a moda) de oito metros de altura, com orquídeas e plantas tropicais.
Considerando que se trata de uma casa de churrascos e hambúrgueres, o ambiente é bem pouco convencional e bastante convidativo. Resta à comida completar o programa no mesmo nível.
Mas ela ainda não chegou lá. Há muitos desajustes que persistem desde a abertura, que aconteceu no início do mês com a associação do grupo carioca que detém a marca com o empresário Celso Stephano, 55.
Economista, ele também se formou em gastronomia pelo Senac em 2004. Há tempos queria abrir uma casa inspirada em restaurantes de beira de estrada, como esta.
O esforço é notável, não só pelas instalações, mas por detalhes como o treinamento da equipe, cortês e capaz de explicar convincentemente o extenso cardápio executado pelo chef Thiago Guimarães, 38, ex-Outback e Ocean Prime de Miami.
O menu se inicia com snacks típicos, bons de comer com a mão, como costelinhas de porco com molho barbecue, batatas fritas com queijo derretido, peito de frango empanado -e todos de bela aparência.
Mas, se escolhemos, por exemplo, as tradicionais Buffalo wings, anunciadas como coxinhas da asa de frango picantes, o que vemos é que, embora suculentas, não são nada picantes, apenas engorduradas, com fraco molho de blue cheese.
Então vamos nos fixar nas carnes, principal atração da casa. Os cortes são acompanhados por saladas (sendo a green e a da casa, todas as vezes, servidas geladas, esta última com uma massuda cebola empanada e como a Caesar também -com croûtons grosseiros, gigantes).
A carne é de boa qualidade, mas nenhuma vez foi servida no ponto pedido, o que realça outro problema, ter pouco sal.
Curioso é que os garçons explicam aquilo que seria o ideal: "Nosso ponto é quase vermelho". Aí você retruca que, mesmo assim, quer que venha antes do ponto. E ela sempre vem passada.
A variedade de cortes é interessante, mas nenhum vem com osso, nem mesmo o t-bone. Também a picanha e o contrafilé são prejudicados pelo excesso de grelha.
Um pouco açucarada, a torta de limão tem boa contrapartida de acidez. Os vinhos não decepcionam. Mas numa cidade com tantas churrascarias boas, esta fica a dever.

josimar@basilico.com.br



JOHNNIE PEPPER
ENDEREÇO
r. Mario Ferraz, 528, Itaim Bibi, tel. 0/xx/11/2528-3100
FUNCIONAMENTO seg. a qui., das 11h à 0h; sex. a dom., das 11h à 1h
AMBIENTE são vários, bem montados, do terraço na entrada ao pátio com jardim nos fundos
SERVIÇO cortês e bem treinado
VINHOS carta provisória, mas suficiente, com bons preços
CARTÕES D, M, V
ESTACIONAMENTO com manobrista, R$ 15
PREÇOS entradas, de R$ 13,50 a R$ 44; pratos principais, de R$ 22 a R$ 49; sobremesas, de R$ 16 a R$ 25



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