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CRÍTICA RESTAURANTE
Churrascaria erra ponto da carne
Com matriz no Rio, Johnnie Pepper abre filial em SP; espaço é agradável, mas cozinha falha
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
O Rio de Janeiro acaba de
exportar um restaurante para São Paulo. Curiosamente,
uma casa de inspiração norte-americana, o Johnnie Pepper, que existe num shopping do Rio desde 2005 e,
neste mês, abriu no Leblon e
em São Paulo.
Especializada em grelhados (mas também hambúrgueres), a filial paulistana
impressiona pelas dimensões (são 700 m2) e pelo visual dos vários ambientes.
Na entrada (um deque de
madeira ao ar livre) e no bar
em piso elevado, lembra uma
lanchonete confortável. Nas
áreas de trás, tem mais cara
de restaurante.
Ali ficam um salão principal, com mesas amplas e sofás coloridos; e um pátio com
jaboticabeira central e jardim
vertical (é a moda) de oito
metros de altura, com orquídeas e plantas tropicais.
Considerando que se trata
de uma casa de churrascos e
hambúrgueres, o ambiente é
bem pouco convencional e
bastante convidativo. Resta à
comida completar o programa no mesmo nível.
Mas ela ainda não chegou
lá. Há muitos desajustes que
persistem desde a abertura,
que aconteceu no início do
mês com a associação do grupo carioca que detém a marca com o empresário Celso
Stephano, 55.
Economista, ele também
se formou em gastronomia
pelo Senac em 2004. Há tempos queria abrir uma casa
inspirada em restaurantes de
beira de estrada, como esta.
O esforço é notável, não só
pelas instalações, mas por
detalhes como o treinamento
da equipe, cortês e capaz de
explicar convincentemente o
extenso cardápio executado
pelo chef Thiago Guimarães,
38, ex-Outback e Ocean Prime de Miami.
O menu se inicia com
snacks típicos, bons de comer com a mão, como costelinhas de porco com molho
barbecue, batatas fritas com
queijo derretido, peito de
frango empanado -e todos
de bela aparência.
Mas, se escolhemos, por
exemplo, as tradicionais Buffalo wings, anunciadas como
coxinhas da asa de frango picantes, o que vemos é que,
embora suculentas, não são
nada picantes, apenas engorduradas, com fraco molho de blue cheese.
Então vamos nos fixar nas
carnes, principal atração da
casa. Os cortes são acompanhados por saladas (sendo a
green e a da casa, todas as vezes, servidas geladas, esta última com uma massuda cebola empanada e como a Caesar também -com croûtons grosseiros, gigantes).
A carne é de boa qualidade, mas nenhuma vez foi servida no ponto pedido, o que
realça outro problema, ter
pouco sal.
Curioso é que os garçons
explicam aquilo que seria o
ideal: "Nosso ponto é quase
vermelho". Aí você retruca
que, mesmo assim, quer que
venha antes do ponto. E ela
sempre vem passada.
A variedade de cortes é interessante, mas nenhum
vem com osso, nem mesmo o
t-bone. Também a picanha e
o contrafilé são prejudicados
pelo excesso de grelha.
Um pouco açucarada, a
torta de limão tem boa contrapartida de acidez. Os vinhos não decepcionam. Mas
numa cidade com tantas
churrascarias boas, esta fica
a dever.
josimar@basilico.com.br
JOHNNIE PEPPER
ENDEREÇO r. Mario Ferraz, 528,
Itaim Bibi, tel. 0/xx/11/2528-3100
FUNCIONAMENTO seg. a qui., das
11h à 0h; sex. a dom., das 11h à 1h
AMBIENTE são vários, bem
montados, do terraço na entrada
ao pátio com jardim nos fundos
SERVIÇO cortês e bem treinado
VINHOS carta provisória, mas
suficiente, com bons preços
CARTÕES D, M, V
ESTACIONAMENTO com
manobrista, R$ 15
PREÇOS entradas, de R$ 13,50 a
R$ 44; pratos principais, de R$ 22
a R$ 49; sobremesas, de R$ 16 a
R$ 25
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