|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RUÍDO
DVDs musicais vendem 25% a mais em 2003
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado musical brasileiro se esforça por comemorar a ascensão do comércio
de DVDs, em contraponto com
a queda de 25% nas vendagens
de CDs em 2003. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos, a circulação de
DVDs no ano passado cresceu
21,4%, em termos de unidades, e
37,2%, em faturamento.
Com esse resultado, a IFPI
(Federação Internacional da Indústria Fonográfica) atesta que
o Brasil ascendeu à nona posição entre os maiores vendedores de DVDs do mundo em
2003, com participação de 2%
no mercado global.
Se cresce no consumo de música associada à imagem, o país
que lidera o ranking de participação na megacomunidade virtual Orkut patina na associação
entre música e computador. A
grande indústria segue inerte
em relação à internet, ao mesmo
tempo em que a Inglaterra
anuncia o pulo de 100 mil para
500 mil downloads por mês,
após a chegada do iTunes.
Lá, a febre virtual repercute
nas vendagens dos jurássicos
singles (cuja circulação caiu de
72 milhões de cópias anuais no
início dos anos 80 para 36 milhões agora) e álbuns.
A indústria fonográfica local
acusa um acréscimo de 3,7% na
venda de álbuns e o primeiro
aumento na circulação de singles desde 1999. De abril a junho,
o consumo cresceu 15,4% em
comparação com o mesmo período de 2003. Enquanto isso, no
Brasil, a indústria segue computando os dados do ano passado.
O NÃO-LANÇAMENTO
História quase secreta é a
da banda pernambucana
Ave Sangria, um fruto proibido de ecletismo perdido
no pomar do rock brasileiro
dos anos 70. Musicalmente,
o grupo praticava um dois
pra cá, dois pra lá de hard
rock e psicodelia, trio elétrico e samba nordestino. Chegou à indústria fonográfica
com ajuda ilustre dos correlatos contemporâneos Novos Baianos. O disco único,
"Ave Sangria", saiu em 74
pela Continental (hoje abrigada na hibernante Warner), com produção algo
desvirtuada de Márcio Antonucci (da dupla iê-iê-iê Os
Vips). Além do ecletismo, o
que ficou catalogado nos livros da história secreta foi o
samba-choro-rock "Seu
Waldir", em que o narrador
declarava seu amor ao tal
seu Waldir, num caso raro
de rock explicitamente gay
em plena ditadura repressora. Uma tentativa de reedição aconteceu em 99, movida pelos próprios ex-integrantes do grupo, mas a
Warner e a Ave Sangria continuam hibernando.
TV SAMBA
Apostando na simbiose som-imagem, a independente
Deckdisc leva Teresa Cristina à
TV Cultura para um especial
de fim de ano que deve virar o
primeiro DVD da sambista
moderna carioca. A gravadora
abocanha a TV também em
futuros DVDs de Dead Fish e
Falamansa. O primeiro entrará
na série "MTV Apresenta", o
segundo deve sair em março
como "MTV ao Vivo". O DVD
da roqueira baiana Pitty, feito
por conta própria, também
deve ser exibido pela MTV.
PONTE RIO-SP
A Deckdisc debuta no hip
hop também. Lançará o álbum
de estréia solo do carioca Black
Alien, um dos habitantes da
nação Planet Hemp. A
produção é de Alexandre Basa,
do núcleo paulistano Instituto.
BAHIA DO MUNDO
A promessa se cumpre: o
filme "O Milagre do Candeal",
do espanhol Fernando Trueba
(de "Sedução"), terá sua
première mundial ao ar livre,
no Candyall Ghetto Square, em
Salvador, no próximo dia 11. O
filme retrata o cotidiano do
Candeal Pequeno, bairro
pobre do músico mundial e
líder comunitário local
Carlinhos Brown, sob a ótica
estrangeira do músico cubano
Bebo Valdés, 86.
ANTINARCISO
Música e cinema se cruzam
também no curta "Narciso
Rap", de Jefferson De, que será
exibido em São Paulo neste
domingo. Conta a vida de um
garoto negro de periferia que
pede ao gênio da lâmpada para
ser visto como branco pelos
brancos e como negro pelos
negros. A trilha sonora une
Max de Castro e seu pai,
Wilson Simonal, a quem o
curta é dedicado.
psanches@folhasp.com.br
Texto Anterior: Comentário: Entre o recolhimento e a superexposição Próximo Texto: Música: Cantor David Bowie de 1974 "prevê" 1984 em 2004 Índice
|