São Paulo, domingo, 27 de agosto de 2006

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BIA ABRAMO

Faltam alternativas ao horário eleitoral


Não era hora de a TV paga aproveitar a fuga em massa da TV aberta e reservar estréias?

DEU AQUI na Folha mesmo, na coluna "Outro Canal" (Ilustrada, 18/8): os dois primeiros dias de propaganda eleitoral fizeram 1,4 milhão de televisores na Grande São Paulo ser desligados entre 20h30 e 21h20. Esse intervalo, considerado o horário nobre da TV, tinha, na terça-feira anterior ao início do horário eleitoral gratuito, registrado 72 pontos de Ibope, na soma de todas as emissoras abertas.
No total, 3,2 milhões de pessoas deixaram de assistir à TV aberta: desse total, 45% desligaram a TV e 55% mantiveram o aparelho ligado, mas em outras mídias, como DVD e games, ou migraram para a TV paga. Sinal dos tempos e da temperatura da campanha, se compararmos com dados do mesmo período de 2002: àquela ocasião, 952 mil domicílios fugiram da propaganda.
Menos do que um sinal de desinteresse pela campanha -embora esse aspecto não deva ser desprezado-, esses números parecem questionar a eficiência do formato que se consagrou como a pedra fundamental do moderno marketing político. Parte do eleitorado decide independentemente do circo armado para a TV e isso, sem ironia, é um signo animador.

 

Não era, então, a hora de a TV paga aproveitar essa fuga em massa da TV aberta e reservar estréias, inícios de temporada, maratonas especiais de seriados cult? Pois não é o que fazem os canais especializados em séries. Como o período coincide com o verão e as férias no Hemisfério Norte (um momento de hibernação da programação à espera da temporada nobre que inicia no outono), prevalece a lógica de atirar os refugos para o mercado brasileiro que, pelo entusiasmo que se pode medir pela quantidade de blogs e sites de fãs, não deve ser pequeno. Neste ano, por exemplo, o Sony até trouxe quatro seriados novos.
Não era o caso de o AXN preparar uma bela retrospectiva de "Lost", uma das melhores séries em exibição na TV paga, cuja segunda temporada acabou justamente nesta última segunda-feira? Ou de a Warner mexer na grade de programação, que anda alternando mais ou menos os mesmos programas adolescentes "The OC", "Smallville" e "Gilmore Girls" há anos?
As únicas estréias de peso no próximo mês (as novas temporadas de "Nip/Tuck", na Fox, e "Monk", no Universal Channel) por azar, estão fora do horário eleitoral.

biabramo.tv@uol.com.br


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