Guitarrista do Ira! lança "Amor Incondicional", álbum em que mistura música eletrônica, pop e rock

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o guitarrista do Ira!, Edgar Scandurra, lançou o álbum "Dream Pop", em 2003, acreditava-se que, com seu projeto Benzina, estaria consolidando a carreira como produtor de música eletrônica. Era de se prever, então, que o quarto e novo CD sob esse codinome fosse ainda mais ao encontro das batidas do electro e tecno. Mas Scandurra, 44, mostrou-se imprevisível. "Amor Incondicional", que terá lançamento hoje, na Fnac, em São Paulo, alterna eletrônica, pop e rock. "É um disco mais variado", diz ele. "Meu último álbum foi totalmente de eletrônica. Todas as faixas eram 4X4 [padrão de batidas do tecno], pensando em pista de dança."
Mais Scandurra
O guitarrista fala que, a princípio, este deveria ser um típico Benzina. "Mas várias músicas começaram a caminhar para os instrumentos mais orgânicos, guitarra, baixo", lembra ele. "Muitas faixas que teriam programação de bateria, eu e o [produtor] Dudu Marote começamos a imaginar com uma bateria de verdade. Pelo lado mais rock, começou a ficar menos Benzina e mais Scandurra." Essa mudança está clara logo na música que abre o CD, "Amor Incondicional", parceria com Sandra Coutinho, a baixista das Mercenárias. A faixa é uma música pop de levada "fofinha". Mas o clima logo muda e, na seqüência, Scandurra engata duas eletrônicas, "After Silence" e a esquisitíssima "Do Chão não Passa", para, em seguida, voltar a ser pop com "La Décadanse", versão em português para uma canção do francês Serge Gainsbourg. Até o final do CD, Scandurra alterna momentos em que ora destaca sua habilidade com cordas, como em "The Falso, o Fake", ora com batidas eletrônicas ("Frio") ou o pop rock. "Me senti num momento entre o rock e a eletrônica", explica. Ele diz que essa "sensação" não tem a ver com a onda que tomou o mundo, nos últimos anos, com DJs de rock fazendo o ritmo embalar as pistas. "Fui um espectador ausente. Meu som passou ao lado dessa tendência da volta do rock, foi uma coisa meio natural", afirma. Nem sempre foi assim tão fácil passar do rock para a eletrônica. Houve um tempo em que Scandurra não conseguia pensar nos dois estilos juntos. "Estamos num momento interessante de encontro dessas tribos [do rock e da eletrônica], que antes nem se bicavam. Como pertenço de uma forma muito forte às duas, mais do que ninguém, percebi que é possível fazer com que o público se emocione ouvindo tanto uma música de violão, quanto eletrônica, rock'n'roll, ou algo mais pop."