JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

O Brasil está bem representado na corrida pelo Oscar. "Orfeu" é um filme vibrante e crítico que celebra a riqueza cultural do país e denuncia a exclusão social. Mas talvez nem chegue a ser indicado: as razões da Academia são mais comerciais que artísticas.
O filme é uma adaptação da peça teatral "Orfeu da Conceição", de Vinicius de Morais, que transpõe para os morros cariocas, durante o Carnaval, o mito grego de Orfeu (transformado em sambista).
A outra versão da peça, "Orfeu do Carnaval", do francês Marcel Camus, levou o Oscar de filme estrangeiro em 1959.
O "Orfeu" de Cacá Diegues procura ser fiel ao espírito de tragédia popular da peça de Vinicius, mas entrelaça ao enredo mítico problemas candentes da atualidade, como a violência do tráfico e o apartheid social.
Com uma filmagem espetacular do desfile da escola de samba Viradouro, Diegues consegue mostrar o parentesco entre os arcaicos rituais bacantes e o Carnaval carioca.
Não é difícil encontrar defeitos em "Orfeu", a começar pelos erros na escolha do elenco. Difícil é ficar imune à sua força e vibração.


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