DA REPORTAGEM LOCAL

"Todo dia era a mesma rotina, mas com corpos diferentes", lembra a ex-gerente do Plato's Retreat, considerado o primeiro clube de swing do mundo, em Nova York, nos anos 70. "Era a mansão Playboy dos pobres", diz seu marido e parceiro de baladas da época.
O casal lidera o rol de entrevistados do documentário "American Swing", entre ex-DJs, garçonetes e frequentadores assíduos, muitos acima da meia-idade e felizes em relembrar os tempos na lendária boate, que funcionou até meados dos anos 80, quando foi fechada por problemas sanitários e falta de pagamento de impostos.
O criador, o americano Larry Levenson, achava que o clube era uma organização sem fins lucrativos, parte de "um movimento de casais que não acreditam na monogamia". Ele se autodenominava o "rei do swing" e dava diversas entrevistas polêmicas na TV. "Se você era do tipo conservador, o mais difícil era encarar o "quarto do colchão'", lembra uma fotógrafa habitué. "Eram 200 corpos deitados ali, podia ser uma coisa hilariante ou muito assustadora."
A casa contava também com uma enorme piscina e um bufê "caprichado", com lasanha, frango e saladas de batata, incluído no ingresso de 25 dólares para o casal. As imagens são explícitas e os diretores, Jon Hart e Matthew Kaufman, garantem que 80% são reais. "Em ocasiões especiais, pessoas com câmeras eram autorizadas a entrar, como em aniversários, festas de Natal ou coisas para a imprensa", diz Kaufman à Folha, durante sua passagem por São Paulo, para lançamento do filme na Mostra de Cinema.
Há também cenas de filmes pornôs rodados dentro do clube. E os outros 20% seriam de outras casas de swing da época, na cidade. A ideia do filme surgiu de uma série de matérias que Jon Hart fez para jornais sobre o Plato's Retreat, após encontrar Levenson por acaso, trabalhando como motorista de táxi em Manhattan. Ele acabou a vida sozinho, meio amargurado, e morreu após um ataque do coração, antes do começo das filmagens do documentário. (FE)