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Crítica/"Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil"
Documentário retrata "pai da Vale" de modo convencional
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
Caso se desenrolasse nos
EUA, a saga da Companhia Vale do Rio Doce
por rincões inóspitos, desde os
idos de 1942, mereceria levas
de filmes de ficção e não ficção.
No comando da exploração
da riqueza mineral e visionário
do nascimento de uma nação, o
herói: Eliezer Batista, 85, "pai
da Vale", seu ex-presidente e
antigo ministro de Minas e
Energia. Retratar o homem cuja memória o Brasil não cultiva
como os americanos incensam
seus empreendedores é mérito
de "Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil", documentário de Victor Lopes.
Eliezer notabilizou-se pela
ousadia e pela criatividade que
geraram soluções de logística
no desenvolvimento do país.
Em contraste com seu protagonista, o filme parece previsível.
As convenções se expressam
na monotonia do roteiro que
alterna do início ao fim entrevistas com imagens de antanho.
Ecoa crítica de Eduardo Escorel na revista "Piauí": "Entrevistas viraram a panaceia do
documentário brasileiro".
A previsibilidade se impõe
com depoimentos sem exceção
reverentes, que dão ares de
produção institucional.
Documentário é arte; na essência, o compromisso do artista é consigo mesmo. Jornalismo é serviço público; o dever do
jornalista é com cidadãos e
consumidores de notícias.
Nem um nem outro, contudo, agiganta-se apequenando
contradições de personagens.
O timoneiro da Vale estatal é
agora conselheiro de uma concorrente -do filho bilionário,
Eike Batista- da Vale privatizada. O filme omite a condição.
De curiosidade histórica, revela-se versão sobre como na
ditadura militar o então ministro Delfim Netto teria se referido -em evidente desatino- a
Eliezer como comunista. A prova? "Ele fala até russo!".
ELIEZER BATISTA - O
ENGENHEIRO DO BRASIL
Direção: Victor Lopes
Produção: Brasil, 2009
Onde: a partir de hoje no Arteplex 7
Classificação: livre
Avaliação: regular
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