São Paulo, sexta-feira, 27 de novembro de 2009

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Crítica/"Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil"

Documentário retrata "pai da Vale" de modo convencional

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

Caso se desenrolasse nos EUA, a saga da Companhia Vale do Rio Doce por rincões inóspitos, desde os idos de 1942, mereceria levas de filmes de ficção e não ficção.
No comando da exploração da riqueza mineral e visionário do nascimento de uma nação, o herói: Eliezer Batista, 85, "pai da Vale", seu ex-presidente e antigo ministro de Minas e Energia. Retratar o homem cuja memória o Brasil não cultiva como os americanos incensam seus empreendedores é mérito de "Eliezer Batista - O Engenheiro do Brasil", documentário de Victor Lopes.
Eliezer notabilizou-se pela ousadia e pela criatividade que geraram soluções de logística no desenvolvimento do país. Em contraste com seu protagonista, o filme parece previsível. As convenções se expressam na monotonia do roteiro que alterna do início ao fim entrevistas com imagens de antanho. Ecoa crítica de Eduardo Escorel na revista "Piauí": "Entrevistas viraram a panaceia do documentário brasileiro".
A previsibilidade se impõe com depoimentos sem exceção reverentes, que dão ares de produção institucional. Documentário é arte; na essência, o compromisso do artista é consigo mesmo. Jornalismo é serviço público; o dever do jornalista é com cidadãos e consumidores de notícias.
Nem um nem outro, contudo, agiganta-se apequenando contradições de personagens. O timoneiro da Vale estatal é agora conselheiro de uma concorrente -do filho bilionário, Eike Batista- da Vale privatizada. O filme omite a condição. De curiosidade histórica, revela-se versão sobre como na ditadura militar o então ministro Delfim Netto teria se referido -em evidente desatino- a Eliezer como comunista. A prova? "Ele fala até russo!".


ELIEZER BATISTA - O ENGENHEIRO DO BRASIL

Direção: Victor Lopes
Produção: Brasil, 2009
Onde: a partir de hoje no Arteplex 7
Classificação: livre Avaliação: regular




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