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Crítica
Jackson refilma um mito em "King Kong"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Será o diabo tão feio quanto
pintam? Não sei por que razão
compara-se tão freqüentemente o "King Kong" (Telecine Pipoca, 20h) de Peter Jackson de
maneira tão desfavorável em
relação ao original, de 1933.
O filme de Cooper e Schoedsack é um mito. Não há como
compará-lo desfavoravelmente
a outro filme com a mesma história. Tudo que os demais filmes podem é aproximar-se dele. Pois bem: Peter Jackson,
que foi elevado às alturas por
"A Sociedade do Anel" e outros
da mesma série, acabou aqui
bastante criticado.
O argumento é bastante fiel
ao original, e este filme de 2005
leva clara vantagem sobre o de
1976, assinado por John Guillermin, num ponto essencial: o
avanço tecnológico permite
que se crie um gorila mais realístico do que o do filme produzido por Dino de Laurentiis.
Jackson remete a ação de
volta ao início dos anos 30, o
que permite reencontrar uma
era em que algum mistério, algum desconhecido ainda era
possível no mundo.
É verdade que a parte do enfrentamento entre King Kong e
os dinossauros sofre de excesso
de espetaculosidade, como se
fosse um "remake" de "Parque
dos Dinossauros". Mas essa
parte é, hoje, justamente, o
ponto fraco do "King Kong"
original: as figuras usadas no
filme de 1933, quando vistas
hoje, são implausíveis. Em troca, por eficiente que seja, aqui,
a seqüência final, está longe de
chegar perto da beleza comovente do original.
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