São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

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Música

Do acaso, Little Joy chega ao sucesso

Banda com Rodrigo Amarante, do Los Hermanos, e baterista dos Strokes tem ingressos esgotados de 2 de seus 3 shows em SP

Integrantes dizem que Little Joy tem futuro incerto por causa de outros projetos; apresentações são hoje, amanhã e em 5/2 no Clash


Divulgação
Rodrigo Amarante, Binki Shapiro e Fabrizio Moretti, do Little Joy; ingressos para o terceiro show começam a ser vendidos hoje

DA REPORTAGEM LOCAL

Ele nasceu por acaso, como projeto paralelo de integrantes de duas conhecidas bandas. Para um grupo como esse, de pretensão zero, foi uma surpresa a intensa procura por ingressos para os shows do Little Joy em São Paulo.
Inicialmente, fora anunciada apenas uma apresentação na cidade, hoje, no clube Clash. As entradas evaporaram. Anunciou-se nova data: amanhã. De novo, lotação esgotada (500 lugares). Para saciar a sede dos fãs, haverá um show extra, em 5 de fevereiro, cujos ingressos começam a ser vendidos hoje.
"Não imaginava, foi surpreendente, vendeu muito rápido", disse Rodrigo Amarante, por telefone, à Folha. "São Paulo já nos recebeu bem antes mesmo de a gente chegar aí", falou o músico, em Porto Alegre, onde a banda faria show ontem, o primeiro no Brasil.

Parte dessa expectativa gerada pelo Little Joy vem do currículo dos integrantes da banda: Amarante é guitarrista do Los Hermanos, e Fabrizio Moretti, baterista dos Strokes (o Little Joy é formado ainda pela vocalista americana Binki Shapiro).
Mas o Little Joy saiu da sombra de Los Hermanos e Strokes graças a um disco elogiável, que acaba de sair no país. Em canções como "Brand New Start" e "No One's Better Sake", o trio amarra influências de pop ensolarado dos anos 1960, folk e canções de clima relaxado.
"As versões ao vivo são bem parecidas [com as do disco]", conta. "Tocamos o disco todo, até porque é curto." (O álbum, homônimo, traz 11 faixas que se estendem por 30 minutos.) "Tocaremos música nova, que fizemos na estrada, e um cover", adianta. "É uma banda nova, não dá para fazer show de uma hora e meia." O Little Joy nasceu de um encontro entre Amarante e Moretti, durante um festival em Lisboa, em 2006. Os dois se deram bem, começaram a compor juntos e a parceria foi progredindo.
"A banda começou por acaso. Fizemos música sem a intenção de lançar disco. Aí a coisa foi crescendo. Depois de dois meses, gostamos das canções e resolvemos gravá-las."
Então surgiu a Rough Trade, lendário selo britânico. "A Rough Trade mostrou interesse em lançar o álbum, e foi aí que percebemos que outras pessoas poderiam gostar da música", lembra Amarante.
"O primeiro disco que comprei foi "Hatfull of Hollow", dos Smiths, que havia sido lançado pela Rough Trade. É uma gravadora importante."
No final de 2008, o Little Joy iniciou uma série de shows que desembocam agora no Brasil. E o que começou por acaso ganha força inesperada. "Fizemos uma intensa turnê pelos EUA e, depois, alguns shows na Europa. E recebemos convites para tocar em vários festivais.
Agora vamos ver o que fazer."
Explica-se o "ver o que fazer": os Strokes devem entrar em estúdio para gravar novo disco e o Los Hermanos retornará aos palcos no festival Just a Fest, em 20 e 22 de março.
"Vamos tentar conciliar o Little Joy com os Strokes, ver se o Fabrizio consegue fazer os shows. Mas vamos continuar."
Se o Little Joy vai continuar, a situação do Los Hermanos é um pouco diferente. "Recebemos convite para abrir para Radiohead e Kraftwerk. Adoramos as duas bandas, não tinha como dizer não. Mas é algo isolado. O Marcelo [Camelo] tem vários shows solo, eu tenho os meus com o Little Joy..." (THIAGO NEY)


LITTLE JOY
Quando: hoje, amanhã e 5/2, às 20h
Onde: Clash (r. Barra Funda, 969, SP; tel. 0/xx/11/3661-1500)
Quanto: R$ 60 (esgotado para hoje e amanhã; ingressos para o show de 5/2 começam a ser vendidos hoje)
Onde comprar: lojas Chilli Beans do shopping Ibirapuera e galeria Ouro Fino
Classificação indicativa: 18 anos



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