São Paulo, quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

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Crítica/"A-Lex"

Referências literárias não salvam o novo Sepultura

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Chegando aos 25 anos de carreira e lançando seu primeiro disco sem nenhum dos irmãos Cavalera na formação, o Sepultura tinha uma grande chance de mostrar um rumo novo, que recuperasse sua relevância perdida.
Não é o que acontece com "A-Lex", o novo CD do quarteto (agora com Jean Dolabella assumindo as baquetas que Iggor Cavalera deixou em 2006).
Estruturalmente, o disco segue a trilha do anterior, o esquecível "Dante XXI" (2006): pega um clássico literário -antes, "A Divina Comédia"; agora, "Laranja Mecânica"- e usa como base para um álbum conceitual, em que as músicas contam uma história completa.
Essa velha ideia do disco conceitual soa ainda mais ultrapassada numa época em que as pessoas não buscam álbuns fechados, mas músicas -comprar um CD e ouvi-lo de cabo a rabo já era: agora baixa-se e conserva-se no tocador de MP3 apenas as faixas que prestam.
Esse anacronismo estrutural seria perdoável, no entanto, se não se refletisse também na sonoridade da banda. É triste ver que tudo que o Sepultura apresenta de "diferente" é a manjada mistura com a música clássica, na faixa "Ludwig Van", uma versão da "Nona Sinfonia" de Beethoven. Para um grupo que já se misturou com os índios e com tambores africanos, é um passo atrás, conservador.
O que salva o CD de uma avaliação pior são as faixas "Filthy Rot" (que remete ao clássico "Roots") e "What I Do!".


A-LEX
Artista: Sepultura
Gravadora: Atração Fonográfica
Quanto: R$ 27
Avaliação: regular



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