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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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Belas Artes sobrevive com novo sócio

DA REPORTAGEM LOCAL

O Cine Belas Artes, tradicional sala paulistana na rua da Consolação, afastou ontem o fantasma do fechamento, anunciado em dezembro passado.
O cineasta ("Sonhos Tropicais") e distribuidor (Pandora Filmes) André Sturm tornou-se sócio da empresa proprietária Alvorada, adquirindo os 50% que pertenciam ao Grupo Estação.
Em crise financeira e sem capital para investir na reforma das seis salas, os antigos sócios haviam dito que o cinema deixaria de funcionar este ano, se não conseguissem atrair um patrocínio ou um novo sócio para o negócio.
Sturm disse que, em março, será desenvolvido um plano de reforma. O início da restauração está previsto para abril. "É mais fácil identificar os problemas com o cinema funcionando", afirma.
As obras deverão ser realizadas em etapas, atingindo duas salas de cada vez, para evitar a interrupção das atividades do cinema.
"Estamos assumindo o Belas Artes não para mantê-lo como está, mas para torná-lo novamente uma referência cultural em São Paulo", diz o cineasta.
Fundado há 30 anos, o Belas Artes consolidou uma tradição cineclubística em São Paulo. Sem manutenção e com o público em queda, tornou-se decadente nos últimos anos.
Sturm acredita que os investimentos para oferecer "condições adequadas de conforto e projeção" e a garantia de uma programação "não-oscilante" trarão o público de volta ao Belas Artes.
O perfil da programação incluirá "desde filmes como "O Filho da Noiva" e "Fale Com Ela" [atualmente em cartaz no Belas Artes], até produções mais ousadas e instigantes, que são a característica da Pandora", diz.
Filmes de outros distribuidores independentes também merecerão destaque. Não haverá lugar para lançamentos do cinema tipicamente comercial.
Mais recentemente concentrado na atividade de distribuição, Sturm tem experiência anterior como exibidor. "Comecei na exibição, com o Cineclube da Fundação Getúlio Vargas. De 1992 a 1996, fui responsável pelo Cine Lumière", diz.
Antônio Roberto Godoy, do grupo Alvorada, afirma que a empresa está confiante na capacidade de reerguer o Belas Artes ao lado do novo sócio.
Marcelo Mendes, sócio do Grupo Estação, que deixou o negócio, diz que a solução encontrada garantiu o mais importante, "manter o cinema em funcionamento".
"Sturm é amigo e parceiro nosso há décadas. Ele vai poder fazer o que não conseguimos, que é mudar o perfil de programação. Tem chance de dar certo", diz.
Os sócios não revelaram o valor do contrato. (SILVANA ARANTES)


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