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OSCAR 2005
O ator e diretor norte-americano entrega hoje ao presidente da Academia um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas
Redford se manifesta contra veto a Drexler
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A WEST HOLLYWOOD
Robert Redford entrega hoje ao
presidente da Academia de Artes
e Ciências Cinematográficas o
abaixo-assinado com mais de 500
assinaturas de personalidades do
meio artístico do mundo inteiro
protestando contra a exclusão de
Jorge Drexler da cerimônia de entrega do Oscar de ontem.
O ator e diretor norte-americano leva a seu colega Frank R. Pierson, presidente da entidade máxima da comunidade cinematográfica dos EUA, o texto em que é criticado o veto ao músico uruguaio
na apresentação de sua canção
"Al Otro Lado del Río", do filme
"Diários de Motocicleta", que
concorria a melhor música. A
praxe na categoria é que o autor
defenda sua própria obra.
Em seu lugar, estavam previstas
as apresentações do ator espanhol
Antonio Banderas e do guitarrista
mexicano Carlos Santana. O veto
a Drexler, músico pouco conhecido nos EUA, partiu do produtor-executivo da transmissão televisiva, Gil Cates, 70, que preferiu "estrelas que chamem audiência".
O veterano diretor chegou a
convidar Enrique Iglesias e o casal
Jennifer Lopez e Marc Anthony.
O primeiro recusou, os últimos
alegaram conflito de agenda. Banderas só aceitou a tarefa depois de
consultar membros de "Diários",
dirigido pelo brasileiro Walter Salles, que deram sinal verde.
Redford, criador e presidente
do Festival de Sundance, entrega
o texto com assinaturas de nomes
como os diretores mexicanos Alejandro González Iñárritu ("Amores Brutos") e Alfonso Cuáron ("E
Sua Mãe Também"), o francês
Michel Gondry ("Brilho Eterno
de Uma Mente sem Lembrança")
e os brasileiros Daniel Filho e Andrucha Waddington. O ato é inédito e deve causar polêmica.
Primeiro porque a briga dos que
assinam o protesto não é com a
academia, que foi liberal ao escolher uma música cantada em espanhol pela primeira vez em 77
anos. Segundo porque seu presidente, Frank Pierson, não é estranho ao cinema não-comercial.
Cates se recusou a comentar a
polêmica. No blog que manteve
até a véspera do Oscar, escreveu
apenas: "Passei várias horas numa sessão de gravação musical
com alguns dos artistas que vão
apresentar as músicas indicadas
ao Oscar. Depois de ouvir Beyoncé, Josh Groban, Antonio Banderas e Carlos Santana afinarem
suas performances com a orquestra completa da cerimônia, conduzida por Bill Conti, estou mais
confiante do que nunca de que os
números musicais serão um ponto alto neste ano".
A Folha apurou que Cates estranhou a lista das canções ao receber os títulos indicados, que traziam duas músicas estrangeiras, e
pediu recontagem dos votos. O
produtor considerou incomum a
ausência de nomes de apelo midiático, como o de Mick Jagger,
que era um dos favoritos a uma
das vagas por "Blind Leading the
Blind", que fez para "Alfie".
Cates excluiu também da noite
de ontem o coro de meninos franceses que originalmente canta
"Vois Sur ton Chemin" em "A
Voz do Coração", colocando no
lugar o American Boychoir,
acompanhado da cantora pop Beyoncé, de grande apelo entre o
público adolescente, que defenderia também "Learn to Be Lonely",
originalmente com a voz da inglesa Minnie Driver no musical "O
Fantasma da Ópera", e a canção
de "O Expresso Polar".
A notícia do veto a Drexler e o
abaixo-assinado causaram repercussão. O assunto foi reportagem
no jornal "The Los Angeles Times" de domingo e no tablóide
"The New York Post" do dia anterior, que estampou: "Veto a latino
causa fúria em Oscar". Na saída
da entrega do Independent Spirit
Awards, no sábado,
Drexler era um dos mais procurados para dar entrevistas, mesmo
sem ter ganhado nenhum prêmio.
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