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"UM TREM CHAMADO DESEJO"
Grupo Galpão ri da morte do teatro e retoma comédia musical
DO ENVIADO A CURITIBA
No espetáculo "Um Trem
Chamado Desejo", o grupo
Galpão retoma um gênero de comédia musical, de apelo popular,
ao mesmo tempo em que aproveita para rir da suposta morte do
teatro -aqui mais uma vez refutada.
A falência da companhia teatral
Alcantil das Alterosas, à época em
que a novidade do cinema esvaziava as salas de espetáculo, solapa os modestos planos de vida
dos artistas e abre espaço para
ações tragicômicas de resistência.
Até que aconteça o reequilíbrio
da situação, desfilam sonhos de
sucesso, dinheiro e, sobretudo,
historietas de adultério, que servem de mote à maior parte das
gags.
Luis Alberto de Abreu -hábil
tecelão de estruturas dramatúrgicas- coloca uma representação
dentro de outra e cava o aspecto
ridículo nas situações menos prováveis.
Márcio Medina tira o barro para
a sua cenografia do "jogo de avessos" do texto e coloca o espectador na posição em que ele melhor
pode deliciar os apelos dos temas
"baixos" da trama, que sempre
sustentaram o sucesso cômico.
A direção de Chico Pelúcio dá
rigor formal à aparente balbúrdia
necessária ao ambiente da peça e
põe a vibrar a unidade do grupo, o
que especialmente, neste caso, faz
muita diferença.
Sem pretender reavaliar o gênero da comédia musical, o grupo
Galpão cumpre bem a tarefa de
comentá-lo e usá-lo para o seu recado: ao investigar a possibilidade
do teatro morto, conclui -com
certa ternura e idealismo- por
uma bonita e bem-humorada reverência ao teatro vivo.
(KIL ABREU)
Avaliação:
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