São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2001

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"UM TREM CHAMADO DESEJO"

Grupo Galpão ri da morte do teatro e retoma comédia musical

DO ENVIADO A CURITIBA

No espetáculo "Um Trem Chamado Desejo", o grupo Galpão retoma um gênero de comédia musical, de apelo popular, ao mesmo tempo em que aproveita para rir da suposta morte do teatro -aqui mais uma vez refutada.
A falência da companhia teatral Alcantil das Alterosas, à época em que a novidade do cinema esvaziava as salas de espetáculo, solapa os modestos planos de vida dos artistas e abre espaço para ações tragicômicas de resistência.
Até que aconteça o reequilíbrio da situação, desfilam sonhos de sucesso, dinheiro e, sobretudo, historietas de adultério, que servem de mote à maior parte das gags.
Luis Alberto de Abreu -hábil tecelão de estruturas dramatúrgicas- coloca uma representação dentro de outra e cava o aspecto ridículo nas situações menos prováveis.
Márcio Medina tira o barro para a sua cenografia do "jogo de avessos" do texto e coloca o espectador na posição em que ele melhor pode deliciar os apelos dos temas "baixos" da trama, que sempre sustentaram o sucesso cômico.
A direção de Chico Pelúcio dá rigor formal à aparente balbúrdia necessária ao ambiente da peça e põe a vibrar a unidade do grupo, o que especialmente, neste caso, faz muita diferença.
Sem pretender reavaliar o gênero da comédia musical, o grupo Galpão cumpre bem a tarefa de comentá-lo e usá-lo para o seu recado: ao investigar a possibilidade do teatro morto, conclui -com certa ternura e idealismo- por uma bonita e bem-humorada reverência ao teatro vivo.
(KIL ABREU)


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