São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2001

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Abujamra responde às provocações do Brasil

VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

O arroba em "O Provocador@" é sinal de protesto contra o que entende como ditadura do virtual nos dias que correm. O sentimento de indignação do título é o mesmo que Antônio Abujamra pretende levar ao palco em seu novo espetáculo, que teve pré-estréia em São Paulo, na semana passada, e chega à Mostra do Teatro Contemporâneo em Curitiba.
Esgotaram-se os ingressos para as duas sessões, ontem e hoje. A organização abriu apresentação extra para amanhã, às 23h.
Com 51 anos de carreira, Abujamra, 68, faz da língua afiada um dos seus principais instrumentos em cena. Foi assim em "O Veneno do Teatro" e "O Contrabaixo", por exemplo. É assim em "O Provocador@", no qual compila poemas e narrativas de escritores como Baudelaire, Rimbaud, André Sant'Anna, Eurípedes e outros.
Claro, a remissão imediata é para o programa "Provocações", que apresenta na TV Cultura. No palco, porém, sob trilha do filho André, Abujamra se pretende mais contundente com o gigante Brasil que provoca seus cidadãos com injustiças de toda ordem.
Na raiz, ele investe no (des)entendimento do teatro. "Nós damos um passo, o teatro dá dois. Damos dois passos, o teatro dá quatro. Para isso serve a utopia: para seguirmos caminhando."
Agarra-se firme ao verbo de Rimbaud: "Indiferente às minhas equipagens, sigo pelos rios, completamente liberto dessa vez". São pistas para um não-recital, no qual rimará mordacidade e comicidade para depois destruí-las.


Os jornalistas Valmir Santos e Kil Abreu viajaram a convite da organização do Festival de Teatro de Curitiba



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