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Depois de Salles, Gael vira astro de Babenco
DA ENVIADA A BUENOS AIRES
O tradutor Rímini, protagonista do livro "El Pasado" (o passado), que Hector Babenco levará
ao cinema, possui, na avaliação
do diretor, "uma característica radical -é um trágico, um personagem sem saída, na grande tradição de alguns personagens
masculinos de Dostoiévski, ou do
herói existencialista de Camus".
Para interpretar esse "personagem inteiramente em desuso, fora
do dicionário da contemporaneidade", o diretor escolheu o ator
mexicano Gael García Bernal.
Revelado em "Amores Brutos"
(Alejandro Iñárritu, 2000), Bernal
ratificou a curva ascendente de
sua carreira com "E Sua Mãe
Também" (Alfonso Cuarón,
2001), e viveu Che Guevara em
"Diários de Motocicleta" (2004),
do brasileiro Walter Salles.
Como não há descrição física de
Rímini em "El Pasado", Babenco
concentrou-se nas características
psicológicas do personagem em
sua busca por um ator que o encarnasse. "Comecei a pensar em
que ator poderia ter entre 29 e 30
anos e ser um jovem mais taciturno, mais quieto, mais calado, menos energizado pela modernidade "gatorade" e do esporte", diz.
Babenco sabia também o que
não queria: "Alguém que tivesse
um lado destrutivo, dark ou nefasto em relação ao mundo". Em
resumo, Rímini deveria ser "alguém que se parecesse um pouco
comigo; alguém que, desde muito
jovem, se fez muitas perguntas e
não encontrou muitas respostas".
Já Pauls tem dificuldade de associar a imagem de García Bernal
à de Rímini. Aliás, de associar o
rosto de qualquer ator ao personagem. "Essa decisão que faz o
personagem passar a ter um só
rosto no cinema é inteiramente
brutal e antiliterária", diz.
"Gael me agrada muito, porque
é muito bom ator e muito inteligente. Ao mesmo tempo, preciso
revê-lo, para talvez começar a enxergá-lo como Rímini. Rímini é
um personagem um pouco sem
cara. Poderia ser invisível."
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