São Paulo, sábado, 28 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DEBATE
Gestões atuais do Masp, MAM, Pinacoteca e Fundação Bienal pretendem aumentar os índices de visitação
Museus apostam tudo na "visibilidade"

da Redação

Visibilidade. Foi esse o termo que conduziu o debate "Os Museus se Movem", promovido pela Folha, que aconteceu anteontem à noite no auditório do jornal.
Participaram Julio Neves, presidente do Masp (Museu de Arte de São Paulo); Milú Villela, presidente do MAM (Museu de Arte Moderna); Emanoel Araújo, diretor da Pinacoteca do Estado; Julio Landmann, presidente da Fundação Bienal; e Rodrigo Naves, crítico de arte e autor de "A Forma Difícil". O debate foi mediado por Mario Cesar Carvalho, repórter da Folha.
Os representantes dos museus e Landmann, da Fundação Bienal, foram unânimes ao afirmar que investem boa parte de suas respectivas gestões na divulgação das atividades da instituição junto ao público. A intenção, segundo eles, é aumentar os índices de visitação.
"Um dos nossos principais objetivos é fazer com que a maior quantidade possível de pessoas tome conhecimento das exposições", disse Julio Neves, que viu público de 401.201 visitantes para a mostra de Monet, entre maio e agosto de 1997 -o maior nos 50 anos de existência do Masp.
A nota dissonante foi dada por Rodrigo Naves, que preferia ver os museus mais preocupados com a seleção do que está sendo exposto do que com políticas eficientes de promoção junto a mídia e público.
"Eu questiono esse tipo de visibilidade. Todas as escolhas dos últimos anos foram feitas de maneira cega", disse o crítico. Segundo ele, é mais importante adotar critérios mais rigorosos na escolha dos artistas que serão expostos.
Para Naves, o bloco de mostras que envolve Monet, Michelângelo, Portinari e Botero nivelou artistas cuja qualidade da produção é muito diferente. "Para uma pessoa em formação, alguém precisa dizer que a obra de Monet e a de Michelângelo não estão no mesmo nível das de Portinari e Botero."
Milú Villela também ressaltou como principal conquista recente do MAM a visibilidade adquirida pela instituição. "Antes ninguém sabia onde ficava o museu, e agora isso mudou", disse ela.
De acordo com Villela, os trabalhos de direção e curadoria não podem se transformar em uma competição entre os museus. Segundo ela, o lançamento de mostras importantes na mesma época acaba disputando e dividindo o público. "Precisamos acabar com as mostras simultâneas."
Villela antecipou que, depois da mostra do artista alemão Anselm Kiefer, que termina em 24 de maio, a próxima exposição de grande porte do MAM será parte do acervo do banqueiro argentino Eduardo Constantini (que adquiriu o "Abaporu" de Tarsila do Amaral por US$ 1,35 milhão).
Emanoel Araújo chamou a atenção para a virada que a Pinacoteca do Estado deu nos últimos seis anos, duração de sua gestão à frente da instituição.
O museu, que amargou total "falta de visibilidade" por anos, foi sacudido pelas mostras de Rodin, Maillol e Bourdelle, entre outras. A principal reivindicação de Araújo é por maior agilidade do poder estatal em relação às necessidades da Pinacoteca. "Neste fim de milênio, o Estado precisa criar as condições para que o museu possa se mover", disse ele.
Julio Landmann afirmou que a Fundação Bienal é uma instituição aberta, que pede a participação de outros museus. Já a seleção da Bienal de Arte tem a função de ser uma vitrina da produção internacional dentro do Brasil e do país para o exterior.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.