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DEBATE
Gestões atuais do Masp, MAM, Pinacoteca e Fundação Bienal pretendem aumentar os índices de visitação
Museus apostam tudo na "visibilidade"
da Redação
Visibilidade.
Foi esse o termo
que conduziu o
debate "Os Museus se Movem", promovido pela Folha,
que aconteceu anteontem à noite
no auditório do jornal.
Participaram Julio Neves, presidente do Masp (Museu de Arte de
São Paulo); Milú Villela, presidente do MAM (Museu de Arte Moderna); Emanoel Araújo, diretor
da Pinacoteca do Estado; Julio
Landmann, presidente da Fundação Bienal; e Rodrigo Naves, crítico de arte e autor de "A Forma Difícil". O debate foi mediado por
Mario Cesar Carvalho, repórter da
Folha.
Os representantes dos museus e
Landmann, da Fundação Bienal,
foram unânimes ao afirmar que
investem boa parte de suas respectivas gestões na divulgação das atividades da instituição junto ao público. A intenção, segundo eles, é
aumentar os índices de visitação.
"Um dos nossos principais objetivos é fazer com que a maior
quantidade possível de pessoas tome conhecimento das exposições", disse Julio Neves, que viu
público de 401.201 visitantes para a
mostra de Monet, entre maio e
agosto de 1997 -o maior nos 50
anos de existência do Masp.
A nota dissonante foi dada por
Rodrigo Naves, que preferia ver os
museus mais preocupados com a
seleção do que está sendo exposto
do que com políticas eficientes de
promoção junto a mídia e público.
"Eu questiono esse tipo de visibilidade. Todas as escolhas dos últimos anos foram feitas de maneira cega", disse o crítico. Segundo
ele, é mais importante adotar critérios mais rigorosos na escolha
dos artistas que serão expostos.
Para Naves, o bloco de mostras
que envolve Monet, Michelângelo,
Portinari e Botero nivelou artistas
cuja qualidade da produção é muito diferente. "Para uma pessoa em
formação, alguém precisa dizer
que a obra de Monet e a de Michelângelo não estão no mesmo nível
das de Portinari e Botero."
Milú Villela também ressaltou
como principal conquista recente
do MAM a visibilidade adquirida
pela instituição. "Antes ninguém
sabia onde ficava o museu, e agora
isso mudou", disse ela.
De acordo com Villela, os trabalhos de direção e curadoria não
podem se transformar em uma
competição entre os museus. Segundo ela, o lançamento de mostras importantes na mesma época
acaba disputando e dividindo o
público. "Precisamos acabar com
as mostras simultâneas."
Villela antecipou que, depois da
mostra do artista alemão Anselm
Kiefer, que termina em 24 de
maio, a próxima exposição de
grande porte do MAM será parte
do acervo do banqueiro argentino
Eduardo Constantini (que adquiriu o "Abaporu" de Tarsila do
Amaral por US$ 1,35 milhão).
Emanoel Araújo chamou a atenção para a virada que a Pinacoteca
do Estado deu nos últimos seis
anos, duração de sua gestão à
frente da instituição.
O museu, que amargou total
"falta de visibilidade" por anos, foi
sacudido pelas mostras de Rodin,
Maillol e Bourdelle, entre outras.
A principal reivindicação de Araújo é por maior agilidade do poder
estatal em relação às necessidades
da Pinacoteca. "Neste fim de milênio, o Estado precisa criar as condições para que o museu possa se
mover", disse ele.
Julio Landmann afirmou que a
Fundação Bienal é uma instituição
aberta, que pede a participação de
outros museus. Já a seleção da Bienal de Arte tem a função de ser
uma vitrina da produção internacional dentro do Brasil e do país
para o exterior.
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