|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Dor e poesia sem pieguice dão tom do livro
DA REPORTAGEM LOCAL
"Tropicaos" acontece,
enfim, para enriquecer
o conhecimento sobre o que foi
mesmo o tropicalismo, movimento que até há pouco só subsistia na versão vencedora de
seus maiores cânones.
O ângulo radical de Rogério
Duarte se soma a outros -como os de Rogério Duprat e
Tom Zé. Cada um em escala
própria, todos se opõem à idéia
de genialidade e de santidade
que ronda os inquestionáveis
Caetano e Gil -a oposição a
ela compunha o programa tropicalista, afinal.
Difícil saber quem renunciou
mais dramaticamente, se os radicais ou os moderados. Juntos
ou separados, ainda hoje só fazem sentido amplo quando se
integram numa única e contraditória geléia geral.
Rogério Duarte, inspirador
da "marginália" tropicalista,
hoje oferece o brinde tardio de
seu pensamento. Desreprimindo-se a si, desreprime junto a
velha e cansada tropicália. O
melhor: sincero a ponto de desconcertar, mas despojado de
projeções piegas ou autopiedosas, se desvenda no livro como
poeta profundo, mesmo quando proseia sobre a dor culpada
do torturado(r).
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Tropicaos
Autor: Rogério Duarte
Lançamento: editora Azougue
Quanto: R$ 39 (178 págs.)
Texto Anterior: Duarte define Caetano e Gil como colegas "ricos" Próximo Texto: Música: Cardigans retorna e explora dualidades Índice
|