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MÚSICA
Quinteto sueco, conhecido pelo sucesso "Lovefool", interrompe pausa de cinco anos com "Long Gone Before Daylight"
Cardigans retorna e explora dualidades
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Ela é a garota que pede para ser
amada e feita de boba ao mesmo
tempo no hit "Lovefool" (1996).
Brincando com as incoerências e
perversidades do amor, a vocalista do Cardigans, Nina Persson, 27,
encara enfim a chamada maturidade na primeira década de existência do grupo sueco, com "Long
Gone Before Daylight".
Claro que para o Cardigans,
uma das bandas mais queridinhas
do pop dos anos 90, "maturidade" adquire outras conotações.
"Não amadurecemos no sentido convencional. Hoje, percebemos que fazer sucesso não é tudo
na vida. Levamos dez anos para
perceber que o mais importante
na vida é a diversão", diz Persson
em entrevista à Folha.
E diversão, na visão do Cardigans, inclui esconder canções sobre conturbados relacionamentos
em embalagens aparentemente
inofensivas e "para cima"; fazer
versões em clima de baladas românticas para pauleiras do Black
Sabbath; e, ainda assim, agradar à
platéia de seu país de origem, Suécia, mais conhecido pelas inúmeras bandas de heavy metal.
O álbum surge como resultado
de sessões de gravações que passaram por diversas regiões da
Suécia, Espanha e Inglaterra, após
um hiato de cinco anos em que os
rumores de uma dissolução eram
fortes -na verdade, foi um período em que os integrantes dedicaram-se a projetos paralelos.
"O que guiou esse trabalho foi a
vontade de soarmos como seres
humanos tocando música de verdade, queríamos uma comunicação mais calorosa", explica. De
tanto calor humano, o Cardigans
abandona sua estética consagrada, que incluía uma aura kitsch e
excêntrica, para se aproximar do
country alternativo norte-americano. Ao menos no aspecto musical, os suecos estão mais sérios.
"Isso é normal porque nossa
música é internacional, não é tão
ligada à cultura sueca", diz. Se o
grupo parte para uma sonoridade
mais convencional, ainda há quilômetros que o separam de conterrâneos como as "babas" Abba,
Roxette e Ace of Base.
De sueco mesmo, estão as participações especiais dos vocalistas
do The Hives, Howlin" Pelle
Almqvist, e do The Soundtrack of
Our Lives, Ebbot Lundberg, no
backing vocal.
Permanece a visão pessimista/
realista sobre as relações humanas: "Se é verdade que o amor
nunca morre, por que os amantes
se esforçam tanto para continuarem?", em "Please Sister".
"Misturo experiências pessoais
com histórias que não vivi necessariamente. Não sei dizer de onde
vem esse lado melancólico. Acho
isso muito comunicativo: todos já
tiveram seus maus momentos."
Para a aparente inocência do
grupo, Persson dá uma possível
explicação: "Viemos da Suécia,
um lugar singelo e ingênuo, que
não passou por momentos históricos muito difíceis".
Assim é o mundo da loba em
pele de cordeiro. No clipe de "For
what It's Worth", um personagem vestido com uma máscara de
coelho vai dirigindo calmamente
seu conversível até dar de cara
com um trem. Há duas versões no
site (http://umusic.ca/cardigans/
index.php): uma "segura" e outra
"suicida". De novo, dois lados (de
Persson?) da mesma moeda.
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