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CRÍTICA
Jovens adultos tateiam em novos tempos
DA REDAÇÃO
Como os adolescentes que ficam com voz esganiçada e
pêlos pelo corpo, os jovens adultos dão suas cabeçadas. Para o
pop, dez anos é uma eternidade;
Cardigans, 11, é o mais novo adulto, ainda hesitante com a nova
condição, como "Long Gone Before Daylight" deixa claro.
De U2 a Metallica, a mudança
de rumos provou ser a saída e sobrevivência no mercado repleto
de jovens com vontade de aparecer. Para os suecos, foi necessário
sacrificar as camadas de produção (maquiagens?) e o charme
"camp" que os deixavam com cara de excêntricos amigáveis.
Emerge agora uma banda certinha, careta, recheada de violões
do country americano. Claro que,
até agora, eles não são tolos
-bregas, jamais- para fazer um
disco ruim. Mas chegam aos 2000
com aparência de mais um rosto
na multidão da fórmula que engloba música bem tocada, sem invencionices, daquelas que passam
à exaustão na TV.
Resta, então, procurar aquele
sumido adolescente excêntrico
nas letras, outra arma sempre eficaz do Cardigans. E, sim, ainda há
um espasmo delas por ali.
"Sou um anjo muito entediado,
e você é um diabo com boas intenções", em "You're the Storm";
"Não acho que posso aprender",
de "Live and Learn", canta Nina
Persson. A melancolia, aqui, sobe
alguns níveis.
No final das contas, é possível
vislumbrar a nova beleza que um
rosto envelhecido oferece. Por
que procurar a beleza de um rostinho jovem? Entre a garota de 18 e
a quase trintona, experiência e leves rugas têm um charme insuspeito que supera comparações.
São novos tempos chegando.
(BRUNO YUTAKA SAITO)
Long Gone Before Daylight
Artista: Cardigans
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 27, em média
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