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São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2003

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CRÍTICA

Jovens adultos tateiam em novos tempos

DA REDAÇÃO

Como os adolescentes que ficam com voz esganiçada e pêlos pelo corpo, os jovens adultos dão suas cabeçadas. Para o pop, dez anos é uma eternidade; Cardigans, 11, é o mais novo adulto, ainda hesitante com a nova condição, como "Long Gone Before Daylight" deixa claro.
De U2 a Metallica, a mudança de rumos provou ser a saída e sobrevivência no mercado repleto de jovens com vontade de aparecer. Para os suecos, foi necessário sacrificar as camadas de produção (maquiagens?) e o charme "camp" que os deixavam com cara de excêntricos amigáveis.
Emerge agora uma banda certinha, careta, recheada de violões do country americano. Claro que, até agora, eles não são tolos -bregas, jamais- para fazer um disco ruim. Mas chegam aos 2000 com aparência de mais um rosto na multidão da fórmula que engloba música bem tocada, sem invencionices, daquelas que passam à exaustão na TV.
Resta, então, procurar aquele sumido adolescente excêntrico nas letras, outra arma sempre eficaz do Cardigans. E, sim, ainda há um espasmo delas por ali.
"Sou um anjo muito entediado, e você é um diabo com boas intenções", em "You're the Storm"; "Não acho que posso aprender", de "Live and Learn", canta Nina Persson. A melancolia, aqui, sobe alguns níveis.
No final das contas, é possível vislumbrar a nova beleza que um rosto envelhecido oferece. Por que procurar a beleza de um rostinho jovem? Entre a garota de 18 e a quase trintona, experiência e leves rugas têm um charme insuspeito que supera comparações. São novos tempos chegando.
(BRUNO YUTAKA SAITO)


Long Gone Before Daylight   
Artista: Cardigans
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 27, em média



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