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CRÍTICA
Buscas simples revelam o imprescindível
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN
De onde vem o impulso para
iniciar uma viagem? Como a
procura por algo aparentemente
simples pode mudar uma existência? É o que o cineasta argentino
Carlos Sorín tenta responder em
"Histórias Mínimas".
Curiosamente, essas questões
também movem outro filme recente, em parte rodado na mesma
Argentina, "Diários de Motocicleta", de Walter Salles.
Mas, se o filme do brasileiro se
embrenha na vida de um homem
que se transformaria em Che
Guevara, Sorín investiga as razões
que levam vidas vazias, numa paisagem inóspita, a procurar algo
que não sabem bem o que é e, nessa viagem, descobrirem a dramaticidade de suas existências.
De um povoado na Patagônia
partem três personagens. Don
Justo, 80, que quer caminhar 400
km em busca de seu cão; Roberto,
comerciante que leva uma torta
de aniversário para o filho de uma
viúva; e María, 25, moça simples
que viaja para buscar um prêmio
de um programa de TV.
Esta, aliás, está em todo lugar.
Há uma TV em cada sala, bar ou
quarto de hotel, como para mostrar a inadequação do mundo lá
fora dentro desse cenário estéril.
Se Roberto é o pícaro, María é
uma espécie de Cinderela desafortunada, e Don Justo, o único
que iniciará essa viagem já marcado pelo signo da tragédia.
O cruzamento das histórias é
pouco importante do ponto de
vista do enredo, reforçando que o
que une os três personagens é o
simples fato de, por uma motivação única e pessoal, terem se colocado em movimento.
Dialogando com a nova safra do
cinema argentino, o filme de Sorín também oferece uma metáfora para a procura de respostas da
sociedade argentina pós-2001.
Aqui o retrato é o da busca de coisas simples que têm a capacidade
de revelar o imprescindível. Retrato tão claro quanto desolador.
Histórias Mínimas
Idem
Direção: Carlos Sorín
Produção: Argentina/Espanha, 2002
Com: Javier Lombardo e Javiera Bravo
Quando: a partir de hoje no HSBC Belas
Artes
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