São Paulo, sábado, 28 de maio de 2011

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Biografia revisa legado de Warchavchik

Arquiteto de origem ucraniana deixou casas modernistas e uma série de projetos menos conhecidos em São Paulo

Mais comercial nos anos 50, com construções já sem a ousadia do início da carreira, foi criticado por Vilanova Artigas

GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

Lançado há pouco mais de um mês, "Warchavchik: Fraturas das Vanguardas" é um livro para amantes de arquitetura. Mas não só.
Ao retraçar a trajetória do imigrante ucraniano (1896-1972) que chega a São Paulo, a pesquisa de José Tavares Correia Lira acaba por oferecer um panorama detalhado da cena modernista que se desenhava na cidade. Seu desembarque, em 1923, é contemporâneo à chegada de Blaise Cendrars e Lasar Segall, de quem se aproximaria nos anos subsequentes.
O lançamento incitou a Folha a revisitar algumas das principais obras do arquiteto na cidade -as casas modernistas, as obras feitas em três dos principais clubes da cidade e os edifícios residenciais Em geral bem conservadas, elas permitem perceber as mudanças dentro do estilo do arquiteto: mais ousado nos anos 20 e 30; mais comedido e comercial nos anos 50.
A transição foi responsável pelos principais críticas feitas pelo arquiteto Vilanova Artigas (1915-1985), por exemplo, que trabalhou com Warchavchik nos anos 30, não poupou críticas ao fato de que o arquiteto teria perdido a via autoral.
"Distante do papel renovador desempenhado na virada dos anos 1920 aos 30, o retorno à atividade parecia no mais das vezes ter se acomodado às rotinas projetuais solicitadas por um mercado imobiliário cada vez mais competitivo", escreveu Lira.

CASAS E CONTROVÉRSIAS
Por esses e outros motivos, é preciso separar as casas modernistas, que, como ressalta o arquiteto, "ocupam um lugar simbólico destacado", entre outros motivos por terem sido tombadas pelo Iphan nos anos 1990.
Nas mãos da família do arquiteto, a casa da rua Itápolis mantém-se praticamente intacta. A da rua Bahia, sofreu modificações significativas em seu interior, mas a fachada mantém-se preservada.
Em entrevista à Folha, Lira ressaltou a falta de um projeto interessante para a Casa Modernista da rua Santa Cruz, na Vila Mariana, considerada a primeira obra de arquitetura brasileira moderna e pertencente à prefeitura.
"O espaço poderia abrigar um bom arquivo sobre modernismo, um espaço expositivo interessante, mas faltou uma política mais consistente. E o restauro que foi feito ali é muito controverso", sugere o arquiteto.
A casa passou quatro anos em reforma, reabriu ao público em 2008, mas sem uma programação que incitasse a visitação. Agora, um projeto prevê reformar as estruturas anexas e o jardim de 13 mil m2. O plano foi aprovado pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico).

MINA KLABIN
Localizado na alameda Barão de Limeira, o edifício Mina Klabin foi um dos investimentos do arquiteto no processo de verticalização do centro da cidade.
Há alguns anos, o neto do arquiteto, Carlos Eduardo Warchavchik, trabalha para reformá-lo, mas o edifício não deve ficar pronto antes de 2012.
"Refiz as fundações, a elétrica e hidráulica e agora estou trocando os caixilhos. Mas ainda preciso de autorização da prefeitura para reformar a fachada", explicou. Carlos Eduardo disse ainda que, depois que terminar o "retrofit", os apartamentos serão vendidos.
Outros prédios no centro como o Cícero Dias e o Santa Margarida sofreram danos com a degradação da região aguardam a mesma sorte.

WARCHAVCHIK: FRATURAS DA VANGUARDA

AUTOR José Lira
EDITORA Cosac Naify
QUANTO R$ 89 (547 págs.)


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