São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2005

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Atriz troca "grã-finas" por Dona Filó

DA REPORTAGEM LOCAL

Ela sempre fez a "grã-fina que sabe desfilar, sabe andar". Agora se vê às voltas com a velha aposentada que sobe literalmente na mesa e rouba a cena no pequeno auditório de um grêmio cultural mixuruca, prestes a ser demolido.
Tonia Carrero, 82, é quem mais se diverte com Dona Filó, a professora língua solta de "Chega de História". "É uma figura diferente de tudo que já fiz no teatro. Ela entende mais de aritmética do que de história da civilização", afirma.
Ressalta a curva do personagem com quem contracena, o diretor do grêmio. "O Eurico se reconhece na Filó. Eles pertencem ao mesmo país, sofrem com os mesmos problemas econômicos e sociais."
Nos últimos anos, passou por São Paulo em produções como o solo "Amigos para Sempre" e os espetáculos "A Visita da Velha Senhora", de Dürrenmatt, e "O Jardim das Cerejeiras", de Tchecov. Neste último, atuou ao lado de Nilton Bicudo, com quem se reencontra agora.
"Eu e a Tonia nos ajeitamos à "música" da peça em três meses e meio de ensaios", diz Bicudo, 39. "O "seu" Eurico fala pouco, está na batalha da vida, é um trabalhador brasileiro que acredita na cultura, na sensibilidade, procura exibir filmes no grêmio e se vê tão oprimido quanto a professora."
Bicudo e Carrero se dizem privilegiados em trabalhar com o texto de Fauzi Arap, além de contar com o próprio autor na direção.
Carrero também solta o verbo quando o assunto é a crise política. "Merecíamos um Fernando Henrique [Cardoso] para frente, não para trás. Eu tenho medo de que Lula seja tão incapaz de governar e a gente caia numa nova ditadura, nas mãos de alguém que tem de organizar a casa. Já sofremos 20 anos por isso." (VS)


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