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Atriz troca "grã-finas" por Dona Filó
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela sempre fez a "grã-fina que
sabe desfilar, sabe andar". Agora
se vê às voltas com a velha aposentada que sobe literalmente na
mesa e rouba a cena no pequeno
auditório de um grêmio cultural
mixuruca, prestes a ser demolido.
Tonia Carrero, 82, é quem mais
se diverte com Dona Filó, a professora língua solta de "Chega de
História". "É uma figura diferente
de tudo que já fiz no teatro. Ela entende mais de aritmética do que
de história da civilização", afirma.
Ressalta a curva do personagem
com quem contracena, o diretor
do grêmio. "O Eurico se reconhece na Filó. Eles pertencem ao mesmo país, sofrem com os mesmos
problemas econômicos e sociais."
Nos últimos anos, passou por
São Paulo em produções como o
solo "Amigos para Sempre" e os
espetáculos "A Visita da Velha Senhora", de Dürrenmatt, e "O Jardim das Cerejeiras", de Tchecov.
Neste último, atuou ao lado de
Nilton Bicudo, com quem se
reencontra agora.
"Eu e a Tonia nos ajeitamos à
"música" da peça em três meses e
meio de ensaios", diz Bicudo, 39.
"O "seu" Eurico fala pouco, está na
batalha da vida, é um trabalhador
brasileiro que acredita na cultura,
na sensibilidade, procura exibir
filmes no grêmio e se vê tão oprimido quanto a professora."
Bicudo e Carrero se dizem privilegiados em trabalhar com o texto
de Fauzi Arap, além de contar
com o próprio autor na direção.
Carrero também solta o verbo
quando o assunto é a crise política. "Merecíamos um Fernando
Henrique [Cardoso] para frente,
não para trás. Eu tenho medo de
que Lula seja tão incapaz de governar e a gente caia numa nova
ditadura, nas mãos de alguém que
tem de organizar a casa. Já sofremos 20 anos por isso."
(VS)
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