MARCELO BARTOLOMEI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O programa "Linha Direta - Justiça", que vai ao ar hoje à noite na Globo (após "A Grande Família"), reabre a polêmica discussão sobre o médico nazista Josef Mengele, que viveu 19 anos no Brasil e cuja morte (no final da década de 70) ainda é questionada -apesar de o caso ter sido encerrado pela Justiça brasileira sob a alegação do encontro de suas ossadas.
Por tradição, o programa -que neste ano é apresentado uma vez a cada dois meses, em revezamento com "Mistério", lançado em junho- conta como casos notórios foram tratados pela Justiça.
"A comunidade judaica ainda contesta que a ossada encontrada seja dele. A polêmica dura há muito tempo, foi feito um teste de DNA e ainda há legistas que discordam. Mesmo que ele não seja brasileiro nem tenha praticado seus crimes aqui, o programa fala do tempo em que ele ficou refugiado e conta como a Justiça interpretou o caso", afirma Milton Abirached, 44, diretor da atração. "É interessante contar de novo o caso, mesmo que ele já tenha sido muito explorado na imprensa, para saber como se faz justiça no Brasil. Às vezes é malfeita; às vezes, bem-feita."
O programa terá jornalismo e dramatização -Tarcísio Filho e Othon Bastos interpretam Mengele, respectivamente, jovem e anos anteriores à morte. "Mengele foi muito diferente dos outros porque tivemos várias dificuldades. Como o programa parte do jornalismo, não dá para falsear como em "América", onde a pessoa está em Miami e fala português. Nós tivemos que fazer os atores falarem alemão, polonês e húngaro", conta o diretor.
O episódio começa com a morte de Mengele, numa praia do litoral de São Paulo, e faz a história por meio de flashbacks. "O final do programa desemboca na questão da Justiça. Ouvimos a comunidade judaica, e tem também as respostas da Polícia Federal, na época, e dos legistas, que falam inclusive da polêmica das ossadas."
Devido às práticas médicas cruéis realizadas durante o nazismo, Mengele também ficou conhecido como "Anjo da Morte". "O programa conta a história de um carrasco nazista que se escondia na pele de um bom velhinho. Mas não humanizamos o personagem, apenas mostramos como ele era ardiloso."
O próximo "Justiça", em setembro, será sobre uma tragédia ocorrida no fim do regime militar brasileiro. O tema não foi divulgado ainda para evitar processos que possam impedir a exibição.


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