|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMIDA
Arno resgata comida brasileira
JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA
Enquanto muitos novos
donos de novos restaurantes
continuam renitentes em não encarar a cozinha brasileira como
um tema a ser abordado, um experiente restaurateur, cuja história é ligada à cozinha italiana, vem
na contramão e abre um bar-restaurante dedicado aos pratos típicos regionais daqui. O lugar é a
Universidade da Cachaça, aberto
em abril pelo proprietário do La
Vecchia Cucina (e outros, como
La Pasta Gialla), Sergio Arno.
Nem sei se é um bom negócio,
como negócio: afinal, resgatar a
cozinha brasileira é uma tarefa
dos profissionais da área, por certo, mas depende igualmente da
disposição do público, que pode
estar mais interessado em prestigiar as trufas do Piemonte do que
admitir o quanto ama um bom
prato de feijão. Como se fossem
coisas contraditórias... sendo que
não há conflito nenhum em querer almoçar blanquette de vitelo e
jantar jabá. Ou vice-versa.
Seja como for, a abertura da
Universidade da Cachaça já é, por
seu tema, motivo de aplauso. E
ainda mais quando se mergulha
na degustação de suas branquinhas, de seus petiscos e pratos regionais. De origem familiar e profissional ligada à Itália, Arno, 44,
é, no entanto, um talentoso chef
de cozinha brasileira, como já era
possível constatar nos pratos (tipo leitão à pururuca ou moqueca)
que de vez em quando ele contrabandeia para as sugestões do dia
do La Vecchia Cucina. Neste novo
empreendimento, ele conta ainda
com a retaguarda de sua mãe Ana
Maria Arno, 67, dedicada cozinheira de pratos brasileiros. O time de sócios se completa com a
mulher de Arno, Cassinha, 44.
Inicialmente concebido como
um bar, onde Arno pudesse acomodar sua crescente coleção de
cachaças, a Universidade da Cachaça tem um espaço que remete
mesmo aos botecos, aberto para a
calçada, tudo bastante informal.
Mas a comida é séria. Um mero
bolinho de mandioca com recheio de queijo coalho pode servir
de exemplo: massa levíssima,
crosta finíssima e dourada, mas
crocante. Requer técnica e arte. Só
ficaria melhor se algum outro elemento (carne, molho) não o deixasse seco, mas isso é outra história. Tirando alguns itens mais
exóticos (como morcela espanhola em tempurá), quase tudo é bem
brasileirinho. Costelinha de porco
assada; feijão com paio, lingüiça,
costelinha, carne-seca e torresmo;
misturado de arroz com feijão
verde; feijoada (servida na mesa,
aos sábados); goiabada quente
com requeijão do norte. Ah, cachaça é bom, cerveja é bom, mas
um vinhozinho não faria mal a
ninguém. Mesmo porque é um
produto que o Brasil produz e
consome inclusive em qualquer
botequim popular.
UNIVERSIDADE DA CACHAÇA
Cotação: $$
Avaliação:
Endereço: r. Iaiá, 83, Itaim,
tel. 0/xx/11/3167-0461
Funcionamento: seg. a qui., das 12h à 0h;
sex. e sáb., das 12h à 1h
Ambiente: de boteco arrumadinho,
aberto para a rua
Serviço: simpático, naquele astral
de bar
Serviço de vinhos: nem um mísero gole disponível!
Estacionamento: R$ 7
Cartões: todos
Preços: entradas, de R$ 8
a a R$ 24; pratos principais, de R$ 18 a R$ 35; sobremesas, de R$ 8 a R$ 10
Texto Anterior: Comida: Sabor catalão Próximo Texto: Bom e Barato / Até R$ 30 por pessoa: Mama Leila reflete saga familiar Índice
|