São Paulo, quinta-feira, 28 de julho de 2005

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COMIDA

Arno resgata comida brasileira

JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

Enquanto muitos novos donos de novos restaurantes continuam renitentes em não encarar a cozinha brasileira como um tema a ser abordado, um experiente restaurateur, cuja história é ligada à cozinha italiana, vem na contramão e abre um bar-restaurante dedicado aos pratos típicos regionais daqui. O lugar é a Universidade da Cachaça, aberto em abril pelo proprietário do La Vecchia Cucina (e outros, como La Pasta Gialla), Sergio Arno.
Nem sei se é um bom negócio, como negócio: afinal, resgatar a cozinha brasileira é uma tarefa dos profissionais da área, por certo, mas depende igualmente da disposição do público, que pode estar mais interessado em prestigiar as trufas do Piemonte do que admitir o quanto ama um bom prato de feijão. Como se fossem coisas contraditórias... sendo que não há conflito nenhum em querer almoçar blanquette de vitelo e jantar jabá. Ou vice-versa.
Seja como for, a abertura da Universidade da Cachaça já é, por seu tema, motivo de aplauso. E ainda mais quando se mergulha na degustação de suas branquinhas, de seus petiscos e pratos regionais. De origem familiar e profissional ligada à Itália, Arno, 44, é, no entanto, um talentoso chef de cozinha brasileira, como já era possível constatar nos pratos (tipo leitão à pururuca ou moqueca) que de vez em quando ele contrabandeia para as sugestões do dia do La Vecchia Cucina. Neste novo empreendimento, ele conta ainda com a retaguarda de sua mãe Ana Maria Arno, 67, dedicada cozinheira de pratos brasileiros. O time de sócios se completa com a mulher de Arno, Cassinha, 44.
Inicialmente concebido como um bar, onde Arno pudesse acomodar sua crescente coleção de cachaças, a Universidade da Cachaça tem um espaço que remete mesmo aos botecos, aberto para a calçada, tudo bastante informal. Mas a comida é séria. Um mero bolinho de mandioca com recheio de queijo coalho pode servir de exemplo: massa levíssima, crosta finíssima e dourada, mas crocante. Requer técnica e arte. Só ficaria melhor se algum outro elemento (carne, molho) não o deixasse seco, mas isso é outra história. Tirando alguns itens mais exóticos (como morcela espanhola em tempurá), quase tudo é bem brasileirinho. Costelinha de porco assada; feijão com paio, lingüiça, costelinha, carne-seca e torresmo; misturado de arroz com feijão verde; feijoada (servida na mesa, aos sábados); goiabada quente com requeijão do norte. Ah, cachaça é bom, cerveja é bom, mas um vinhozinho não faria mal a ninguém. Mesmo porque é um produto que o Brasil produz e consome inclusive em qualquer botequim popular.


UNIVERSIDADE DA CACHAÇA
Cotação: $$ Avaliação:  
Endereço: r. Iaiá, 83, Itaim, tel. 0/xx/11/3167-0461
Funcionamento: seg. a qui., das 12h à 0h; sex. e sáb., das 12h à 1h
Ambiente: de boteco arrumadinho, aberto para a rua
Serviço: simpático, naquele astral de bar
Serviço de vinhos: nem um mísero gole disponível!
Estacionamento: R$ 7
Cartões: todos
Preços: entradas, de R$ 8 a a R$ 24; pratos principais, de R$ 18 a R$ 35; sobremesas, de R$ 8 a R$ 10


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