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TELEVISÃO
Nova safra de produções bizarras tem ainda competição entre doadores de esperma e parto ao vivo no "Big Brother"
"Realities" confinam crianças e criminosos
LAURA MATTOS
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa ilha deserta, 12 criminosos são confinados e usam suas
"mentes brilhantes" para disputar um prêmio de US$ 1 milhão. O
dinheiro não vai para o vencedor,
mas para a última de suas vítimas.
O projeto de "reality show" foi
"descoberto" por J.B. de Oliveira,
o Boninho, diretor do "Big Brother Brasil". Calma, calma, ele não
pretende levar a idéia à Globo.
Longe disso, considera "Danger
Island" (ilha perigosa) o "mais bizarro de todos no momento".
A nova safra de esquisitices nos
"reality shows" não pára por aí.
No próximo "Big Brother" da Holanda, haverá uma grávida e a
possibilidade de exibir o parto. A
produtora Endemol se justifica
afirmando que no país a maioria
das mulheres dá à luz em casa e
que haverá assistência de parteira.
John de Mol, criador do "Big
Brother" que saiu da Endemol,
exibirá em sua recém-comprada
estação de TV, a Talpa, competição entre doadores de esperma. A
escolha será da mulher que se
submeterá a inseminação artificial. "Quero um Filho Seu... E Nada Mais" é o nome do programa.
Por último, mas não menos absurdo, há um programa inglês
que explorará a convivência de
crianças e jovens com Síndrome
de Tourette -uma doença neurológica rara, caracterizada por tiques e outros problemas motores
e vocais, além de compulsão, impulsividade e déficit visual.
A emissora inglesa ITV levará
cinco participantes, entre 12 e 18
anos, para conviver com outros
cinco num campo norte-americano de portadores de Tourette.
Produtores negam que irão explorar a dificuldade dos jovens e
que a idéia seja desumana. "É um
documentário sobre o campo, dedicado a promover oportunidades a crianças com a síndrome.
Elas têm a chance de dividir experiências semelhantes e aprender
num ambiente divertido, seguro e
positivo", disse à Folha Gary Carpenter, pesquisador da Shine Limited, produtora do programa.
Para Boninho, é "muito difícil"
que um programa nesses moldes
venha a ganhar espaço no Brasil.
"Esse tipo de produto geralmente só encontra espaço nas
TVs a cabo. Como custam caro e o
domínio das TVs no Brasil é dos
canais abertos, esse tipo de radicalização não tem muita chance."
Dá como exemplo o "Jogo da
Vida", de Márcia Goldschmidt
(Band), que tem quadro de transformação semelhante ao "Extreame Makeover" (Endemol). "Enquanto no Brasil a transformação
não passa de maquiagem e um
pouquinho de botox, o "reality"
original pega pesado, com cirurgia plástica, muito sangue e um
resultado final radical."
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