São Paulo, domingo, 28 de agosto de 2005

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TELEVISÃO

Nova safra de produções bizarras tem ainda competição entre doadores de esperma e parto ao vivo no "Big Brother"

"Realities" confinam crianças e criminosos

LAURA MATTOS
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa ilha deserta, 12 criminosos são confinados e usam suas "mentes brilhantes" para disputar um prêmio de US$ 1 milhão. O dinheiro não vai para o vencedor, mas para a última de suas vítimas.
O projeto de "reality show" foi "descoberto" por J.B. de Oliveira, o Boninho, diretor do "Big Brother Brasil". Calma, calma, ele não pretende levar a idéia à Globo. Longe disso, considera "Danger Island" (ilha perigosa) o "mais bizarro de todos no momento".
A nova safra de esquisitices nos "reality shows" não pára por aí. No próximo "Big Brother" da Holanda, haverá uma grávida e a possibilidade de exibir o parto. A produtora Endemol se justifica afirmando que no país a maioria das mulheres dá à luz em casa e que haverá assistência de parteira.
John de Mol, criador do "Big Brother" que saiu da Endemol, exibirá em sua recém-comprada estação de TV, a Talpa, competição entre doadores de esperma. A escolha será da mulher que se submeterá a inseminação artificial. "Quero um Filho Seu... E Nada Mais" é o nome do programa.
Por último, mas não menos absurdo, há um programa inglês que explorará a convivência de crianças e jovens com Síndrome de Tourette -uma doença neurológica rara, caracterizada por tiques e outros problemas motores e vocais, além de compulsão, impulsividade e déficit visual.
A emissora inglesa ITV levará cinco participantes, entre 12 e 18 anos, para conviver com outros cinco num campo norte-americano de portadores de Tourette.
Produtores negam que irão explorar a dificuldade dos jovens e que a idéia seja desumana. "É um documentário sobre o campo, dedicado a promover oportunidades a crianças com a síndrome. Elas têm a chance de dividir experiências semelhantes e aprender num ambiente divertido, seguro e positivo", disse à Folha Gary Carpenter, pesquisador da Shine Limited, produtora do programa.
Para Boninho, é "muito difícil" que um programa nesses moldes venha a ganhar espaço no Brasil.
"Esse tipo de produto geralmente só encontra espaço nas TVs a cabo. Como custam caro e o domínio das TVs no Brasil é dos canais abertos, esse tipo de radicalização não tem muita chance."
Dá como exemplo o "Jogo da Vida", de Márcia Goldschmidt (Band), que tem quadro de transformação semelhante ao "Extreame Makeover" (Endemol). "Enquanto no Brasil a transformação não passa de maquiagem e um pouquinho de botox, o "reality" original pega pesado, com cirurgia plástica, muito sangue e um resultado final radical."


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