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RESENHA
Irmão caçula dos livros de viagem
de Londres
Andrew Mueller parece um irmão mais novo imaginário de
Paul Theroux -autor norte-americano de títulos de literatura
de viagem, como "The Great Railway Bazar". Em "Rock and Hard
Places", Mueller trilha seu caminho em busca das sensações dos
habitantes dos países que visita.
O livro é uma coletânea de minireportagens que o autor escreveu ao acompanhar bandas como
o Green Day, em turnê pelo Canadá, Prodigy, no Líbano, Alisha's
Attic, no Japão, U2, em Sarajevo,
Def Leppard, no Marrocos, e outros. Também há capítulos sem
shows, nos quais entram as investigações de Mueller pelo "underground" cultural dos países.
Com uma narrativa informal e o
mundo da música pop como pano de fundo, Mueller observa costumes comezinhos e troca idéias
com os populares. As observações
e a curiosidade são quase adolescentes, e o livro ganha em inocência mesmo ao encarar questões
como o Taliban no Afeganistão
ou a crise no Leste Europeu.
Não é necessário curtir as bandas para gostar do livro, mas uma
dose de nostalgia pelas velhas
narrativas dos viajantes do século
19 pode ajudar a fazer um paralelo, pelo menos afetivo, com os caminhos de Mueller.
O livro está povoado de encontros entre a cultura ocidental e a
oriental, como que respondendo
a uma necessidade do autor em
provar a universalidade do pop
fabricado pelo lado de cá.
Mueller é irônico, e uma de suas
artes é criar comparações pouco
usuais. Referindo-se ao encontro
entre os ministros do Exterior de
Hitler e Stálin, que dividiu a Europa oriental entre a Alemanha e a
Rússia em 1939, escreve que "nenhum encontro entre duas pessoas teve tantas ramificações calamitosas para a história da humanidade até que Tim Rice fosse introduzido a Andrew Lloyd Weber", produtores do musical "Evita", com Madonna.
(SC)
Avaliação:
Livro: Rock and Hard Places
Autor: Andrew Mueller
Lançamento: Virgin
Quanto: US$ 20 (importado)
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