São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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comentário

Xô, lolitas; adeus, complexo de Nabokov

XICO SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

É a vingança final das afilhadas de Balzac. Cada uma mais linda que a outra.
Como se não bastasse a vantagem da faixa etária das nossas divas, as costelas melhoradas pelos bafos cronológicos de tantas sabedorias e enredos -pasme!, amigo- ganharam em "Duas Caras" um naturalismo-realista garantido pelos equipamentos da nova cosmética.
É como revisitar, menino de tudo, tia Júlia nos tempos apenas do batom e do rouge, nos bailes do Crato. A trama é o que menos interessa: não me siga, não sou novela, como diz a filosofia do pára-choque da banalidade da estrada caminhonheira.
Como Renata Sorrah está linda. Como nunca. As putas do calçadão moralista de Gilberto Braga em "Paraíso Tropical" não passam de amadoras e nostalgias precoces no ralo dos teledramas.
Betty Faria, Marília Pêra, Suzana Vieira...
Com todo o respeito, xô, lolitas; adeus, complexo de Nabokov!
Agora as vingadoras de Balzac têm no olho uma maldade capaz de engolir uma Lola, corra, mina, corra, num piscar de cílios.

Jeitinho Sete Lagoas
Até as mulheres mais jovens ganharam mais graça com essa alta definição. Débora Falabella nunca exibiu tanto vigor e tanta ternura no seu jeitinho Sete Lagoas de quem come pelas beiradas da existência e do desejo.
O melhor é que, além do triunfo das balzacas, os homens nunca estiveram tão desalmados e toscos. Cada um menos galã do que o próximo.
Outra noite vi um deles no gesto mais bagaceira do mundo masculino. Sim, amigo, coçando o saco. Só pode ter sido uma dica da direção, de tão brechtiniana -haja distanciamento!- que era a cena.
Tudo bem à frente de Nuno Leal Maia, que representa cada vez mais à semelhança de um dos maiores personagens do cinema de todos os tempos: o Homem de Itu e a sua fabulosa armadura.


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