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comentário
Xô, lolitas; adeus, complexo de Nabokov
XICO SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
É a vingança final
das afilhadas de
Balzac. Cada uma
mais linda que a outra.
Como se não bastasse a
vantagem da faixa etária
das nossas divas, as costelas melhoradas pelos bafos
cronológicos de tantas sabedorias e enredos -pasme!, amigo- ganharam
em "Duas Caras" um naturalismo-realista garantido
pelos equipamentos da
nova cosmética.
É como revisitar, menino de tudo, tia Júlia nos
tempos apenas do batom e
do rouge, nos bailes do
Crato. A trama é o que menos interessa: não me siga,
não sou novela, como diz a
filosofia do pára-choque
da banalidade da estrada
caminhonheira.
Como Renata Sorrah está linda. Como nunca. As
putas do calçadão moralista de Gilberto Braga em
"Paraíso Tropical" não
passam de amadoras e
nostalgias precoces no ralo dos teledramas.
Betty Faria, Marília Pêra, Suzana Vieira...
Com todo o respeito, xô,
lolitas; adeus, complexo de
Nabokov!
Agora as vingadoras de
Balzac têm no olho uma
maldade capaz de engolir
uma Lola, corra, mina,
corra, num piscar de cílios.
Jeitinho Sete Lagoas
Até as mulheres mais jovens ganharam mais graça
com essa alta definição.
Débora Falabella nunca
exibiu tanto vigor e tanta
ternura no seu jeitinho Sete Lagoas de quem come
pelas beiradas da existência e do desejo.
O melhor é que, além do
triunfo das balzacas, os
homens nunca estiveram
tão desalmados e toscos.
Cada um menos galã do
que o próximo.
Outra noite vi um deles
no gesto mais bagaceira do
mundo masculino. Sim,
amigo, coçando o saco. Só
pode ter sido uma dica da
direção, de tão brechtiniana -haja distanciamento!- que era a cena.
Tudo bem à frente de
Nuno Leal Maia, que representa cada vez mais à
semelhança de um dos
maiores personagens do
cinema de todos os tempos: o Homem de Itu e a
sua fabulosa armadura.
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