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GAROTOS DO SUBÚRBIO
Chega ao Brasil o CD de estréia do Audio Bullys, mistura de hip hop, funk, punk e house
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Primeiro veio o rock, depois o
computador. Aí veio a música eletrônica. E agora tem o Audio
Bullys. Simples assim (1).
A ordem dos fatores foi alterando o produto e, hoje em dia, é
muito fácil fazer música pop. Que
o diga (cante e toque) a dupla de
DJs inglesa Simon Franks e Tom
Dinsdale, nomes quentes da nova
mania britânica de misturar tudo
(2), aplicar o corte-e-cole sonoro e
jogar na pista.
O resultado disso, o celebrado
CD de estréia do grupo, "Ego
War", chega agora às lojas brasileiras com cheiro de disco do ano.
"Ego War" está inserido dentro
do pacote de incentivo à nova
música promovido pela gravadora EMI, que sugere um preço entre R$ 15 e R$ 25 cada álbum.
1) Simples assim: a lição punk
do faça-você-mesmo, do jeito que
for, aplicada ao som eletrônico,
tudo mixado em computador
dentro de casa, num quarto de periferia de Londres. Basicamente
The Clash mais Chemical Brothers. Atitude digital a um custo
quase zero. Críticas sociais e urbanas menos agressivas, mais dançantes.
2) Misturar tudo: hip hop,
punk, funk, breakbeats, garage inglês. Com house de fundo.
"Nossa fórmula é básica e vem
das influências que a gente recebeu desde criança, ouvindo música no rádio, nos parques e nos
pubs. Funciona assim: 50% de
house, que é o que a gente mais
gosta e que constitui o principal
combustível de nosso som. E 50%
de todo o resto. Isso não é só nosso. É a típica música inglesa de hoje", disse à Folha o vocalista Simon Franks, que canta enquanto
o parceiro Tom Dinsdale maneja
os pick-ups.
A conversa se deu no camarim
da dupla no clube Sirena, em Maresias, no litoral norte de São Paulo, há duas semanas, depois de
um primoroso set para um lugar
semivazio e desinteressado, porque desinformado.
Underground
Em cima da hora, os produtores
do Sirena tiveram a agilidade de
interceptar o Audio Bullys para
uma discotecagem no clube, um
dia antes de o duo se apresentar
em um megafestival eletrônico na
Argentina.
"Não importa se estamos tocando para pouca gente no Brasil, em
um festival grande num parque
da Argentina ou em um pub inglês. Para quem, até muito pouco
tempo atrás, tocava um para o outro dentro de uma casa no subúrbio londrino, está bom demais",
sintetiza Franks.
"Ego War" foi lançado em junho na Inglaterra, mas, antes
mesmo de o disco estar nas lojas,
o Audio Bullys já era figura disputada, seja em programas de eletrônica nas rádios inglesas ou na
lista de atrações de megaeventos
de música, como o roqueiro festival de Reading.
"Na Inglaterra a música eletrônica, depois de uma onda de badalação e clubes imensos, está
voltando ao underground. O que
é bom, porque os DJs vão poder
experimentar mais no som. Eu
gosto de Dr. Dre e White Stripes.
Ouço Strokes, 50 Cent, Marvin
Gaye e Pistols. É natural que elementos da música dessas pessoas
apareçam de alguma forma no
Audio Bullys. Nossa música é o
que nós somos", explica Franks.
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