UOL


São Paulo, sexta-feira, 28 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GAROTOS DO SUBÚRBIO

Chega ao Brasil o CD de estréia do Audio Bullys, mistura de hip hop, funk, punk e house

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Primeiro veio o rock, depois o computador. Aí veio a música eletrônica. E agora tem o Audio Bullys. Simples assim (1).
A ordem dos fatores foi alterando o produto e, hoje em dia, é muito fácil fazer música pop. Que o diga (cante e toque) a dupla de DJs inglesa Simon Franks e Tom Dinsdale, nomes quentes da nova mania britânica de misturar tudo (2), aplicar o corte-e-cole sonoro e jogar na pista.
O resultado disso, o celebrado CD de estréia do grupo, "Ego War", chega agora às lojas brasileiras com cheiro de disco do ano. "Ego War" está inserido dentro do pacote de incentivo à nova música promovido pela gravadora EMI, que sugere um preço entre R$ 15 e R$ 25 cada álbum.
1) Simples assim: a lição punk do faça-você-mesmo, do jeito que for, aplicada ao som eletrônico, tudo mixado em computador dentro de casa, num quarto de periferia de Londres. Basicamente The Clash mais Chemical Brothers. Atitude digital a um custo quase zero. Críticas sociais e urbanas menos agressivas, mais dançantes.
2) Misturar tudo: hip hop, punk, funk, breakbeats, garage inglês. Com house de fundo.
"Nossa fórmula é básica e vem das influências que a gente recebeu desde criança, ouvindo música no rádio, nos parques e nos pubs. Funciona assim: 50% de house, que é o que a gente mais gosta e que constitui o principal combustível de nosso som. E 50% de todo o resto. Isso não é só nosso. É a típica música inglesa de hoje", disse à Folha o vocalista Simon Franks, que canta enquanto o parceiro Tom Dinsdale maneja os pick-ups.
A conversa se deu no camarim da dupla no clube Sirena, em Maresias, no litoral norte de São Paulo, há duas semanas, depois de um primoroso set para um lugar semivazio e desinteressado, porque desinformado.

Underground
Em cima da hora, os produtores do Sirena tiveram a agilidade de interceptar o Audio Bullys para uma discotecagem no clube, um dia antes de o duo se apresentar em um megafestival eletrônico na Argentina.
"Não importa se estamos tocando para pouca gente no Brasil, em um festival grande num parque da Argentina ou em um pub inglês. Para quem, até muito pouco tempo atrás, tocava um para o outro dentro de uma casa no subúrbio londrino, está bom demais", sintetiza Franks.
"Ego War" foi lançado em junho na Inglaterra, mas, antes mesmo de o disco estar nas lojas, o Audio Bullys já era figura disputada, seja em programas de eletrônica nas rádios inglesas ou na lista de atrações de megaeventos de música, como o roqueiro festival de Reading.
"Na Inglaterra a música eletrônica, depois de uma onda de badalação e clubes imensos, está voltando ao underground. O que é bom, porque os DJs vão poder experimentar mais no som. Eu gosto de Dr. Dre e White Stripes. Ouço Strokes, 50 Cent, Marvin Gaye e Pistols. É natural que elementos da música dessas pessoas apareçam de alguma forma no Audio Bullys. Nossa música é o que nós somos", explica Franks.


Texto Anterior: Dança: Grupos embaralham passos contemporâneos
Próximo Texto: Crítica: Álbum é divertido, romântico e esperto
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.