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Atores da Casa Laboratório encenam resultado de expedição ao sertão
Cacá Carvalho dirige "O Homem Provisório", inspirado em obra de Guimarães Rosa
DA REPORTAGEM LOCAL
Público imerso na escuridão,
Riobaldo adentra a sala de espetáculo, 11º andar do edifício.
Fecha a porta e deixa o rasto de
luz da realidade. De agora em
diante, tudo é recriação ou tradução do sertão que Cacá Carvalho e os artistas da Casa Laboratório para as Artes do Teatro conheceram no Cariri cearense, chão para a montagem
de "O Homem Provisório".
O espetáculo, que entra em
cartaz amanhã na Unidade
Provisória do Sesc Avenida
Paulista, é livremente inspirado em "Grande Sertão: Veredas", de João Guimarães Rosa.
Se a primeira montagem do
grupo, "A Sombra de Quixote"
(2005), revisitava um personagem universal, a segunda -de
subtítulo "Uma Travessia Teatral pelo Sertão"-ruma para as
particularidades, mas sem prejuízo do que toca ao mundo.
A convivência de mais de mês
dos artistas com a cultura e a
gente de Nova Olinda, na região
do Cariri, entre setembro e outubro de 2006, resulta na peça
que espera refletir sobre identidade do homem brasileiro por
meio da saga de Riobaldo.
Numa noite escura, o jagunço vaga a esmo, desnorteado, e
recebe ajuda dos que já morreram, espectros como que solidários com sua travessia. São
sertanejos, ou ainda cangaceiros, numa referência à histórica
imagem das cabeças cortadas
do bando de Lampião (1938).
O desejo da encenação é simbolizar a amnésia recorrente
do país quanto à sua história.
Os atores surgem segurando as
respectivas cabeças dos personagens degolados, moldadas
em látex e caracterizadas à perfeição (por Vavá Torres), liame
de vida e morte. "É como se essas cabeças, que são pedaços
das nossas histórias, viessem
nos dizer quem somos nós. Esses homens foram para onde?
Deixaram o quê? Nos ensinam
o quê?", questiona o diretor.
Os enigmas chegam pelos
versos do poeta Geraldo Alencar, discípulo de Patativa do Assaré. Ele, que não havia lido a
obra de Rosa, fez 120 sonetos, o
corpo de dramaturgia e de sonoridades. Outros artistas foram incorporados à pesquisa,
como o xilogravurista Nilo e o
rabequeiro e artesão Di Freitas.
"Concerto cênico", segundo
Carvalho, o espetáculo se desdobra em CD e no documentário "Vozes do Cariri" (Maximo
Verdastro), soma dos realizadores Fundação Casa Grande
-Memorial do Homem Kariri
em Nova Olinda, Sesc SP, Fondazione Pontedera e setor de
cooperação internacional da
Regione Toscana (Itália).
(VS)
O HOMEM PROVISÓRIO
Onde: Unidade Provisória Sesc Avenida Paulista (av. Paulista, 119, tel. 0/
xx/11/3179-3700)
Quando: estréia amanhã, às 19h30;
sex. a dom., às 19h30. Até 13/5
Quanto: R$ 15
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