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Obra descreve coronelismo de dirigentes
DE PEQUIM
A polêmica causada pelo livro em 2004 ajudou a se debater a urgência de serem melhoradas as condições do homem
do campo na China. Tentar
construir uma sociedade menos injusta é a promessa preferida do presidente Hu Jintao.
Mas trechos do livro que focam demais na pesada carga
tributária em cima dos camponeses já ficaram datados -o governo de Hu e do premiê Wen
Jiabao acabou em 2005 com o
principal imposto agrícola, que
existia há 2.600 anos.
O que não deixa o livro obsoleto é o tipo de coronelismo
exercido pelos dirigentes locais
no interiorzão do país, onde ditam o que é lei. No atual boom
imobiliário chinês, são comuns
as histórias de prefeitos que
simplesmente expulsam centenas de pequenos agricultores
de uma área para vendê-la a especuladores para a construção
de shoppings, aeroportos e de
estradas. Em vários casos, até o
dinheiro da indenização é tragado pela burocracia local.
Quanto à falta de representatividade política do campo no
parlamento, sublinhada em "O
Segredo Chinês", pela primeira
vez, no início de março, três migrantes rurais foram nomeados
deputados do Congresso Nacional do Povo. Apesar de o parlamento apenas referendar o
que é decidido previamente pela cúpula do Partido Comunista, foi um sinal de que o governo reconhece os 200 milhões
de retirantes rurais que subsistem nas grandes cidades.
"É um avanço, mas como esses deputados foram escolhidos? Que representatividade
têm? São uma parcela mínima,
e ninguém sabe o que pode mudar com eles", diz Chen.
Apesar do aumento da burocracia nos últimos anos, os serviços sociais no país encolheram. Na transição para a economia de mercado, saúde e educação passaram a ser cobradas.
Uma doença mais séria é motivo para desespero entre as famílias rurais chinesas, que precisam pagar caro por uma internação mesmo em hospitais
públicos. A renda média urbana é de US$ 1.941 (cerca de R$
3.367). A rural, US$ 583 (cerca
de R$ 1.011).
Os autores foram alvos de alguns processos, movidos por
burocratas atingidos pelo livro,
mas uma grande mobilização a
favor deles pesou para que não
fossem presos. Eles continuam
vivendo em Anhui.
(RJL)
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