JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

O termo bouchon, em francês, significa rolha -o que inspirou o restaurante Le Bouchon, aberto recentemente na Vila Nova Conceição. Mas significa também o bistrô típico de Lyon, na França.
O engraçado é que há poucas rolhas na casa (a carta de vinhos é mínima). Tampouco o restaurante é tipicamente lionês, pelo contrário: seu cardápio tem fortes referências à cozinha do sudoeste do país.
A origem dos pratos -muita presença do pato em várias formas, por exemplo- se explica pela origem do chef e proprietário, Patrice Dartagnan, 40, nascido justamente no sudoeste da França.
Chef de cozinha, ele vinha trabalhando em cargos gerenciais de empresa até se mudar para o Brasil, em novembro de 2006, com a mulher (e atual sócia), Regina, gaúcha da sua idade. Inauguraram juntos o Le Bouchon em fevereiro último.
A casa -pequena, com um salão despojado e bem arrumado- fica aberta o dia todo, funcionando como pâtisserie, como sinalizam os doces expostos na vitrine. E nos horários das refeições oferece um cardápio basicamente de bistrô, com o reforço dos pratos regionais da terra do chef. O pato brilha no belo prato de frios servido como entrada com rillette, terrine e peito defumado e recheado de foie gras, mais mix de folhas.
Ainda com a ave são feitos o confit (coxa com batatas salteadas e feijão branco), o magret (peito grelhado com molho de pimenta verde) e o cassoulet (com carnes somente de pato).
No lado bistrô, há o linguado com molho de pimentão vermelho, o tournedos com molho de vinho tinto, o jarret (canela) de cordeiro ao forno com mel.
Os principais elementos dos pratos têm seus atrativos -um peixe bem grelhado e temperado, um confit macio, o que já justifica a visita.
Mas os vários acompanhamentos parecem um tanto desleixados (gratinados meio secos, com cremes grosseiros).
Ademais, é estranho que pratos diferentes venham com acompanhamentos iguais, mesmo sendo um deles carne e outro peixe, por exemplo.
Uma das sobremesas, uma torta de maçã, decepciona pela massa, um problema numa pâtisserie... Mas no conjunto vale a pena apostar no jovem Le Bouchon.