São Paulo, sábado, 29 de maio de 2010

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TRECHO

Tu, ainda não violada noivado repouso,
Criança, de que o silêncio e o tardo tempo cuidam, Silvestre historiadora, que assim podes exprimir
Um florido com maior doçura do que nossa rima:
Que legenda franjada de folhagens te rodeia a forma
De divindades ou mortais, ou de umas e outros,
Pelo vale do Tempe ou nos da Arcádia?
Que homens são esses ou que deuses? Que virgens relutantes?
Doida perseguição! Que luta por fugir?
Que frautas e pandeiros?
Que furor selvagem?
É doce a melodia que se escuta; mais ainda
Aquela que não se ouve; soai, pois, ó brandas frautas;
Não para o ouvido material, porém mais gratas
Tocai-nos para o espírito árias insonoras;
Formoso jovem sob as árvores, não podes mais cessar
Tua canção; nem estas árvores despir-se;
Jamais, jamais, afoito amante, podes tu beijar,
Embora próximo da meta -entanto não te aflijas;
Ela não pode se fanar; se não alcanças teu prazer,
Para sempre a amarás e ela será formosa!

Extraído de "Ode sobre uma Urna Grega", de Keats



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