São Paulo, quinta-feira, 29 de julho de 2010

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CRÍTICA RESTAURANTE

Suri abranda sabores da cozinha peruana

Ceviche clássico perde força, mas agrada em variações com temperos que citam pontos da América Latina

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

As cevicherias, mais do que os restaurantes peruanos, ganham terreno em vários países, inclusive aqui. O Suri quer surfar nessa onda.
É um lugar pequeno, arrumado, envidraçado e despretensioso até no cardápio, como se vê ao se intitular "bar".
Mas é simpático, acolhedor. O menu de fato é abreviado e se concentra em ceviches, que soam mais como petiscos. O objetivo da casa não é se ater ao Peru, mas incorporar ao ceviche (que ocorre à mesa de vários países do Pacífico latino-americano) um pouco de outros gostos do continente.
A inspiração veio de dois sócios. Rodrigo Yoshimura, 31, é filho de nisseis donos do Kayomix.
Cursou administração e, depois, gastronomia. Mais tarde, estudou cozinha no Peru, fez estágio no Mugaritz (do chef Andoni Aduriz), na Espanha, e, de volta ao restaurante da família, amadureceu a ideia do Suri.
Ele conheceu o colombiano Dagoberto Torres, 27, em 2008, quando estagiavam no D.O.M.. Torres voltou a Bogotá, mas ficaram em contato.
Quem aprecia as cores fortes da cozinha peruana estranhará a sobriedade dos pratos. Começando pelo mais óbvio, o ceviche clássico, aqui feito com corvina, cebola-roxa, coentro e milho, servido com batata-doce.
Os graúdos pedaços de peixe passam rapidamente pelo tempero (suco de limão, pimenta), que fica discreto ali no fundo da tigela de tal maneira que quase não se apresenta. A acidez e a ardência típicas do ceviche são aplastadas; sobra o peixe.

VARIAÇÕES
Dessa forma, fica mais interessante experimentar outras variações do ceviche, que não têm a força do original, mas podem agradar pelos temperos que citam pontos da América Latina. O mais curioso é o de atum e bacon com "sour cream", tomatinho e pimenta rocoto.
É também atraente o de camarões e lula com tomates salteados, manjericão e azeite de peperoncino.
Entre os pratos, destaque para a garoupa, de carne firme e úmida. Com crosta de mandioquinha, vem servida com gostoso ravióli de milho e queijo ao molho de bisque.
É mais interessante que o lomo saltado, tradicional prato peruano de filé-mignon com tomates, cebola e shoyu, bem-feitinho, mas sem a vigorosa explosão de sabores à moda chinesa que teria em sua terra natal.
Para acompanhar o "pisco sour" indispensável ao aperitivo, os anéis de lula empanados em farinha japonesa que são impecáveis. O molho deveria ter mais pimenta, mas a casa avisa que se pode pedir tudo mais picante.

josimar@basilico.com.br

SURI CEVICHE BAR  
ENDEREÇO r. Mateus Grou, 488, tel. 0/xx/11/3034-1763
FUNCIONAMENTO ter. a sex., das 12h às 15h e das 19h à 0h; sáb., das 13h às 16h e das 20h à 0h; dom., das 13h às 16h
AMBIENTE pequeno, com janelões, mesas e balcão
SERVIÇO simpático, treinado
VINHOS predominam os brancos, com poucas (mas algumas boas) opções
CARTÕES A, D, M e V
ESTACIONAMENTO com manobrista, R$ 10
PREÇOS entradas, de R$ 13 a R$ 20; pratos principais, de R$ 16 a R$ 37; sobremesas, de R$ 10,50 a R$ 12,50


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