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A política antecede a arte
PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha
A seleção da TV Câmara, antes
de levar alguns espectadores a
questionar o quão políticos são os
filmes em questão, lança um questionamento pertinente há muito
nas discussões: qual a ligação entre cinema e política?
Após o neo-realismo, o documentário e os cinemas novos, a
política tornou-se mais saliente no
campo narrativo. Era fácil identificá-la em obras-primas como "A
Batalha de Argel" (presente na seleção) e "Terra em Transe" (o
mais belo filme de Glauber).
Mas filme político não é só aquele que retrata um acontecimento
idem. A política vem antes de nossa retina apreender a tela. Uma
obra chega a esta graças a um contexto político "real" que moldou
e possibilitou seu discurso.
Mas, para o telespectador, fica
difícil engolir um "Manobra Radical", prova de que a emissora
tentou preencher a programação.
A sorte fica na "pluralidade" dos
filmes políticos/críticos, em que se
assistiu ao cinema de esquerda de
Elio Petri ("A Classe Operária Vai
ao Paraíso") ou de Antonioni
("Deserto Vermelho").
Este, aliás, provou que a verdade
(e a política) é uma mera construção. Mais, a verdade é a política.
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