São Paulo, Sexta-feira, 29 de Outubro de 1999
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SHOW - CRÍTICA
Alguém ousa dizer que Bacharach é brega?

CLAUDIA LIMA
especial para a Folha, no Rio

Luxo e glamour. Diante de uma platéia que lotou o Metropolitan, no Rio de Janeiro, na última quarta, o pianista, compositor e arranjador Burt Bacharach mostrou, que, aos 70 anos, continua um mestre das canções.
No palco, só dois teclados, bateria, metais, baixo, três cantores e ele, comandando o piano. Para arrasar com a platéia, Bacharach já abre o show com um trecho de "What The World Needs Now". Animado, mas ainda tímido, ele dá uma dica do que estava por vir: um pout-pourri com algumas de suas melhores canções, como "Walk On By" e "Reach Out".
Bacharach ia regendo sua pequena orquestra e mostrando porque é considerado até hoje um dos maiores compositores populares do mundo. Será que ainda existe alguém com coragem de dizer que sua música é pastiche e não merece ser levada a sério?
Aos poucos, ele foi inserindo algumas poucas canções de "Painted from The Memory", álbum lançado no ano passado em parceria com Elvis Costello. E aproveitou para lembrar que, apesar de ter aparecido e cantado nos dois filmes do espião Austin Powers, sua parceria com o cinema não vem de hoje. E dá-lhe "Alfie", "The Look of Love", "What's New Pussycat?" e, claro, "Raindrops Keep Falling on My Head", que fez questão de cantar, com sua voz fininha e até desafinada.
Mesmo sem a companhia dos vários intérpretes que fizeram famosas suas composições no mundo inteiro, Bacharach teve o apoio competente das vocalistas Josie James e Donna Taylor, que se não tinham a candura e a "finesse" de Dionne Warwick e Dusty Springfield -dificil não comparar- provaram que seguem à risca as lições do maestro.
O único senão ficou por conta do vocalista John Vagano. Mesmo com a voz limpa feito cristal, cada vez que soltava um trinado, a impressão era que se estava diante de um daqueles misteriosos cantores que embalam canções dos desenhos dos estúdios Disney. A falta de cordas também tirou um pouco da magia.
O curioso -e decepcionante para alguns- é que Burt tocou inteiras canções feitas nos anos 80, época em que foi considerado mais brega do que nunca. Bem, "Heartlight", "On My Own", "Theme from Arthur" e "That's What Friends Are For" podem até ser cafonas, mas quem é que estava ligando para isso?
A essa altura, o público já estava mais do que no clima. No final, depois de voltar três vezes ao palco, ele avisa: "Vamos cantar essa juntos e depois vamos para a cama, ok?". Cantamos, batemos palmas e fomos para casa, felizes.


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