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"5x2"
Ozon narra drama conjugal ao contrário
TIAGO MATA MACHADO
CRÍTICO DA FOLHA
Ainda não podemos dizer se
a moda do "filme-de-trás-para-a-frente" é passageira ou se
veio para ficar e levar o cinema
narrativo a tratar sua velha obsessão finalista com uma saudável
regressão: afinal, o verdadeiro
mistério não estaria no início das
coisas, em seu nascimento?
Para o cineasta francês François
Ozon, que sempre soube como
começar os seus filmes, mas quase nunca como fechá-los, a moda
caiu bem.
Em "5x2" (a história de um casamento em cinco seqüências),
ele chega ao seu mais enxuto exercício narrativo. Ozon retoma a estrutura do-inferno-ao-céu de "Irreversível", o polêmico filme-invenção de Gaspar Noé, evitando-lhe os excessos traumáticos. Ozon
oferece uma variação mais fácil de
digerir, evitando incorrer no erro
(fatal) de lhe repetir o tom.
O inferno, para Ozon, é uma relação conjugal morta, em banho-maria. Seu filme começa com
uma cena de separação até certo
ponto amigável e retorna no tempo para os silêncios e hiatos que
corroeram a relação.
Nos "filmes-de-trás-para-a-frente", o tempo é sempre o protagonista. A cada elipse temporal,
a ambigüidade dos personagens e
da própria narrativa tende a crescer e com ela, o trabalho interpretativo do espectador.
Em seu "5x2", porém, François
Ozon reduz meio levianamente a
uma única questão, a da fidelidade sexual, toda a potencial ambigüidade de seu drama-conjugal-invertido.
5x2
Cinq Fois Deux
Direção: François Ozon
Produção: França, 2004
Com: Valeria Bruni-Tedeschi, Stéphane
Freiss, Françoise Fabian
Quando: hoje, à 0h, no Cinearte 1
(outras sessões amanhã e dias 3 e 4)
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