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POLÍTICA CULTURAL
Devido à pequena efetividade, modelo de financiamento a cultura sofre mudanças no ano que vem
14% de projetos ganham apoio em 2003
FERNANDA KRAKOVICS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dos 2.007 projetos culturais
aprovados pelo Ministério da
Cultura neste ano para captar recursos de acordo com a Lei Rouanet, apenas 14% -281 projetos-
conseguiram apoio financeiro da
iniciativa privada até o final da semana passada. A maioria deles,
no entanto, conseguiu arrecadar
apenas uma parcela do valor total.
O prazo de captação expira no
próximo dia 31.
Devido à pequena efetividade
da legislação, o ministro Gilberto
Gil (Cultura) pretende modificar
no próximo ano o modelo de financiamento. Segundo a assessoria de imprensa do ministério, a
intenção é aumentar a renúncia
fiscal e incentivar a produção cultural nas regiões Norte, Nordeste
e Centro-Oeste. O ministério realizou seminários em 15 cidades,
de junho a agosto, para colher sugestões de produtores e artistas.
Dos 281 projetos que conseguiram financiar pelo menos parte
dos seus custos, 98 são de São
Paulo e 62 do Rio de Janeiro. Em
seguida, estão Minas Gerais e Paraná (21 projetos cada um), Distrito Federal (18) e Rio Grande do
Sul (17).
Mesmo com a supremacia paulista, projetos como a ópera "Salomé", do Teatro Municipal, não
conseguiram financiamento. A
Orquestra Filarmônica também
não conseguiu nada do R$ 1,8 milhão que foi autorizada a captar
para a temporada 2003/2004.
Outros que não tiveram sucesso
foram a 5ª Bienal Internacional de
Arquitetura e Design, que queria
R$ 3,6 milhões, e a "Retrospectiva
Picasso", da BrasilConnects Cultura, ao custo de R$ 5,5 milhões.
Nem artistas conhecidos como
Roberto Carlos e Maria Bethânia
foram bem-sucedidos. O projeto
do primeiro era fazer um show
em Goiânia (GO) por R$ 95 mil e
o da segunda, fazer a turnê "Maria
Bethânia Canta Vinícius" em nove cidades. Já a cantora Elza Soares queria R$ 250 mil para a realização de um DVD do show "Do
Cóccix Até o Pescoço".
A Trama tinha um projeto ambicioso que não contou com o
apoio da iniciativa privada. "Realizar três grandes eventos aglutinadores de talentos artísticos, em
três cidades de diferentes Estados
brasileiros, com a duração de sete
dias cada, envolvendo sete áreas
distintas: música, texto, web, corpo, artes visuais, moda e cinema.
Possibilitar encontro e troca de
experiências entre agentes culturais de projeção nacional e regionais, para identificar a seleção de
talentos", propôs a gravadora.
O Carnaval carioca de 2004
também não sensibilizou o empresariado. Os desfiles da Estação
Primeira de Mangueira, Mocidade Independente de Padre Miguel
e Estácio de Sá não se beneficiaram da lei. O enredo da última é
"A Estácio É Dez, o Brasil É Mil e a
Fome É Zero".
A Fundação Roberto Marinho
não conseguiu patrocínio em troca de renúncia fiscal para o projeto "Memória da UNE", que previa
uma página na internet, CD-ROM e gravação de um vídeo
com dirigentes e militantes.
A fundação também não conseguiu recursos para a revitalização
da igreja de São Francisco, na
Pampulha, em Belo Horizonte
(MG). O projeto previa a implantação de um roteiro narrado e de
sinalização turística, cultural e
ambiental, integrando obras do
arquiteto Oscar Niemeyer.
Entre os projetos que conseguiram captar recursos fora do eixo
Rio-São Paulo estão a Escola de
Teatro Bolshoi no Brasil, em Santa Catarina, que conseguiu R$ 487
mil dos R$ 5 milhões pretendidos,
e o "Aprendendo com Arte: Módulo Artes Cênicas", da Fundação
Social Raimundo Fagner, no Ceará. Foram captados R$ 30 mil dos
R$ 44 mil previstos.
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