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Prefeitura nega "compadrismo"
DA REPORTAGEM LOCAL
Informados sobre a entrevista
de Antunes Filho à Folha, o secretário municipal da Cultura, Celso
Frateschi, e o diretor do departamento de teatro, Kil Abreu, enviaram o seguinte texto que assinam
juntos:
"O mestre Antunes Filho é sem
dúvida nenhuma um dos maiores
nomes do nosso teatro. Sua contribuição é inestimável. Contudo,
talvez pelo fato de seu trabalho vir
sendo fomentado pelo Sesc há décadas e felizmente não depender
de recursos públicos diretos, ele
revela quase total desconhecimento do Programa Municipal de
Fomento.
Primeiro, a lei, tomada hoje como modelo para as políticas culturais, nasceu sob o acompanhamento dos próprios artistas, trabalhadores e trabalhadoras do
teatro. Além de inverter radicalmente a lógica atual das leis de incentivo, fazendo com que o poder
público assuma de forma direta o
investimento em cultura, o programa tem uma mecânica de funcionamento radicalmente democrática. As comissões julgadoras
são paritárias, com metade dos
membros votantes apontados pelas próprias companhias que inscrevem seus projetos. Não há nem
nunca houve compadrismo nas
escolhas.
Nem das comissões de avaliação, nem nos projetos subvencionados. Será difícil sustentar que
pessoas da altura intelectual de
Gianni Ratto, Mariângela Alves
de Lima, Lélia Abramo, Sebastião
Milaré, Fernando Peixoto, Jefferson del Rios, Antônio Januzelli,
Clóvis Garcia, Aimar Labaki, Flávio Desgranges, Izaías Almada,
Fernando Quinas, Sílvia Fernandes e Maria Sílvia Betti tenham
agido por compadrismo na seleção dos escolhidos. Mas há, evidentemente, critérios, que estão
definidos no próprio corpo da lei.
Os fundamentais são a excelência
da proposta estética e a possibilidade de inserção social, que justificam o empenho do dinheiro público. O programa vem contemplando fundamentalmente, sim,
projetos de pesquisa, que duram
no mínimo seis meses e no máximo dois anos.
A título de informação: nestes
dois anos de existência foram beneficiados 79 projetos artísticos,
dos mais diversos, e investidos em
torno de R$ 19 milhões, que atendem a uma variedade considerá
vel de propostas de investigação
da linguagem teatral -de grupos
históricos como o Oficina a grupos relativamente novos, mas de
grande importância no panorama
da cena contemporânea, como
Teatro da Vertigem e Cia. do Latão, e grupos novíssimos, que
conjugaram o sucesso artístico à
criação de platéias, como a Cia.
Estável, que há dois anos lota o
teatro Flávio Império, no bairro
distante de Cangaíba [zona leste],
entre outros.
O programa reverte claramente
na abertura considerável do acesso à população. Uma estimativa
parcial dá conta de cerca de 1,350
milhão de cidadãos e cidadãs que
estiveram ligados às atividades
dos grupos fomentados, seja como platéia dos espetáculos, seja
como participantes dos projetos
desenvolvidos pelas companhias,
entre setembro de 2002 e outubro
de 2004. Isso diz muito. O teatro,
como nos tem ensinado Antunes
Filho, é uma arte exigente, e um
teatro de má qualidade certamente não agregaria tantas pessoas".
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