São Paulo, quarta-feira, 29 de dezembro de 2004

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Prefeitura nega "compadrismo"

DA REPORTAGEM LOCAL

Informados sobre a entrevista de Antunes Filho à Folha, o secretário municipal da Cultura, Celso Frateschi, e o diretor do departamento de teatro, Kil Abreu, enviaram o seguinte texto que assinam juntos:
"O mestre Antunes Filho é sem dúvida nenhuma um dos maiores nomes do nosso teatro. Sua contribuição é inestimável. Contudo, talvez pelo fato de seu trabalho vir sendo fomentado pelo Sesc há décadas e felizmente não depender de recursos públicos diretos, ele revela quase total desconhecimento do Programa Municipal de Fomento.
Primeiro, a lei, tomada hoje como modelo para as políticas culturais, nasceu sob o acompanhamento dos próprios artistas, trabalhadores e trabalhadoras do teatro. Além de inverter radicalmente a lógica atual das leis de incentivo, fazendo com que o poder público assuma de forma direta o investimento em cultura, o programa tem uma mecânica de funcionamento radicalmente democrática. As comissões julgadoras são paritárias, com metade dos membros votantes apontados pelas próprias companhias que inscrevem seus projetos. Não há nem nunca houve compadrismo nas escolhas.
Nem das comissões de avaliação, nem nos projetos subvencionados. Será difícil sustentar que pessoas da altura intelectual de Gianni Ratto, Mariângela Alves de Lima, Lélia Abramo, Sebastião Milaré, Fernando Peixoto, Jefferson del Rios, Antônio Januzelli, Clóvis Garcia, Aimar Labaki, Flávio Desgranges, Izaías Almada, Fernando Quinas, Sílvia Fernandes e Maria Sílvia Betti tenham agido por compadrismo na seleção dos escolhidos. Mas há, evidentemente, critérios, que estão definidos no próprio corpo da lei. Os fundamentais são a excelência da proposta estética e a possibilidade de inserção social, que justificam o empenho do dinheiro público. O programa vem contemplando fundamentalmente, sim, projetos de pesquisa, que duram no mínimo seis meses e no máximo dois anos.
A título de informação: nestes dois anos de existência foram beneficiados 79 projetos artísticos, dos mais diversos, e investidos em torno de R$ 19 milhões, que atendem a uma variedade considerá vel de propostas de investigação da linguagem teatral -de grupos históricos como o Oficina a grupos relativamente novos, mas de grande importância no panorama da cena contemporânea, como Teatro da Vertigem e Cia. do Latão, e grupos novíssimos, que conjugaram o sucesso artístico à criação de platéias, como a Cia. Estável, que há dois anos lota o teatro Flávio Império, no bairro distante de Cangaíba [zona leste], entre outros.
O programa reverte claramente na abertura considerável do acesso à população. Uma estimativa parcial dá conta de cerca de 1,350 milhão de cidadãos e cidadãs que estiveram ligados às atividades dos grupos fomentados, seja como platéia dos espetáculos, seja como participantes dos projetos desenvolvidos pelas companhias, entre setembro de 2002 e outubro de 2004. Isso diz muito. O teatro, como nos tem ensinado Antunes Filho, é uma arte exigente, e um teatro de má qualidade certamente não agregaria tantas pessoas".


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