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Novas cantoras evitam "ecletismo"
Safra recente de vozes femininas brasileiras, com nomes como Lili Araujo e Carol Saboya, busca identidade própria
Sobrinha de Cauby, Adriana Peixoto investe em samba, enquanto Marcia Lopes valoriza a simplicidade ao interpretar clássicos da MPB
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Jovens cantoras existem aos
montes no Brasil, e não são todas que sucumbem ao rótulo de
"ecléticas". Cinco que buscam
um caminho reconhecível para
seus trabalhos lançaram discos
recentemente (veja destaques
no quadro nesta página).
O melhor é "Arribação", de
Lili Araujo, que compõe a
maior parte das boas canções
que interpreta.
Radicada em Viena e trabalhando na Europa, a carioca de
25 anos é brasileiríssima (sem
nada de postiço) na faixa-título,
na ciranda "Lendas do Mar", na
auto-explicativa "Na Gafieira"
e até em "Roma", que evoca o
estilo de Guinga. E concilia
samba e jazz em "Todas Aquelas Coisas".
Marcia Lopes também tem
um pé no exterior, pois "Bonita", o CD lançado em 2008 no
Brasil, foi feito para o mercado
japonês em 2004.
Simplicidade
Ao contrário de Lili Araujo,
aqui não há surpresa no repertório, só excelência: Assis Valente, Chico Buarque, Dorival
Caymmi, Tom Jobim, Caetano
Veloso (um comovente "Coração Vagabundo"), Henry Mancini/Johnny Mercer, Lennon/
McCartney...
A surpresa, para quem não a
conhecia dos quatro anos em
que cantou no bar Baretto, em
SP, é a linda simplicidade com
que interpreta as músicas, sem
cobri-las de nenhum penduricalho desnecessário.
Os arranjos de Mario Manga
e Swami Jr. a ajudam muito
neste sentido. Só "Quem Te
Viu, Quem Te Vê", por tão (e
tão melhor) gravada, é que se
mostra deslocada.
Adriana Peixoto é outra formada na noite, mas seu estilo
não é tão econômico, não fosse
ela sobrinha de Cauby -que
participa em "Altos e Baixos".
Solta a voz nos sambas e sambas-canção, mas sem perder a
elegância.
A tristeza em "Na Batucada
da Vida" e o balanço em "Elizeth", "De Cabeça pra Baixo" e
"Saudosa Maloca" provam do
que ela é capaz. O disco cai em
momentos mais melosos, como
"Encontro".
Tango
Carol Saboya, que surgiu arrasadora em 1996 cantando
"Carta de Pedra" no CD dos 50
anos de Aldir Blanc, tem sofrido percalços de repertório na
carreira.
Em "Chão Aberto", fecha o
foco nas composições de Mário
Séve, um dos melhores instrumentistas de sopro do país -e
que participa de todas as faixas.
Em ritmo mais forte, como
em "Draganjo" ou no tango
"Canción Necesaria", ou mais
tranqüilo, como em "Águas
Passadas" e "Lua", as canções
formam um bom conjunto,
dando à cantora a possibilidade
de realizar um trabalho coeso e
maduro.
Já Adriana Maciel continua
na sua busca de uma identidade
pop romântica -o terreno mais
difícil para se ter identidade.
As músicas "Sertão" (Caetano/Moreno Veloso) e "Copo
Vazio" (Gilberto Gil) são os
melhores momentos de um
disco em que predominam as
composições de Vitor Ramil
e interpretações um tanto
adolescentes.
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