São Paulo, segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

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Novas cantoras evitam "ecletismo"

Safra recente de vozes femininas brasileiras, com nomes como Lili Araujo e Carol Saboya, busca identidade própria

Sobrinha de Cauby, Adriana Peixoto investe em samba, enquanto Marcia Lopes valoriza a simplicidade ao interpretar clássicos da MPB


LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Jovens cantoras existem aos montes no Brasil, e não são todas que sucumbem ao rótulo de "ecléticas". Cinco que buscam um caminho reconhecível para seus trabalhos lançaram discos recentemente (veja destaques no quadro nesta página).
O melhor é "Arribação", de Lili Araujo, que compõe a maior parte das boas canções que interpreta.
Radicada em Viena e trabalhando na Europa, a carioca de 25 anos é brasileiríssima (sem nada de postiço) na faixa-título, na ciranda "Lendas do Mar", na auto-explicativa "Na Gafieira" e até em "Roma", que evoca o estilo de Guinga. E concilia samba e jazz em "Todas Aquelas Coisas".
Marcia Lopes também tem um pé no exterior, pois "Bonita", o CD lançado em 2008 no Brasil, foi feito para o mercado japonês em 2004.

Simplicidade
Ao contrário de Lili Araujo, aqui não há surpresa no repertório, só excelência: Assis Valente, Chico Buarque, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Caetano Veloso (um comovente "Coração Vagabundo"), Henry Mancini/Johnny Mercer, Lennon/ McCartney...
A surpresa, para quem não a conhecia dos quatro anos em que cantou no bar Baretto, em SP, é a linda simplicidade com que interpreta as músicas, sem cobri-las de nenhum penduricalho desnecessário.
Os arranjos de Mario Manga e Swami Jr. a ajudam muito neste sentido. Só "Quem Te Viu, Quem Te Vê", por tão (e tão melhor) gravada, é que se mostra deslocada.
Adriana Peixoto é outra formada na noite, mas seu estilo não é tão econômico, não fosse ela sobrinha de Cauby -que participa em "Altos e Baixos". Solta a voz nos sambas e sambas-canção, mas sem perder a elegância.
A tristeza em "Na Batucada da Vida" e o balanço em "Elizeth", "De Cabeça pra Baixo" e "Saudosa Maloca" provam do que ela é capaz. O disco cai em momentos mais melosos, como "Encontro".

Tango
Carol Saboya, que surgiu arrasadora em 1996 cantando "Carta de Pedra" no CD dos 50 anos de Aldir Blanc, tem sofrido percalços de repertório na carreira.
Em "Chão Aberto", fecha o foco nas composições de Mário Séve, um dos melhores instrumentistas de sopro do país -e que participa de todas as faixas.
Em ritmo mais forte, como em "Draganjo" ou no tango "Canción Necesaria", ou mais tranqüilo, como em "Águas Passadas" e "Lua", as canções formam um bom conjunto, dando à cantora a possibilidade de realizar um trabalho coeso e maduro.
Já Adriana Maciel continua na sua busca de uma identidade pop romântica -o terreno mais difícil para se ter identidade.
As músicas "Sertão" (Caetano/Moreno Veloso) e "Copo Vazio" (Gilberto Gil) são os melhores momentos de um disco em que predominam as composições de Vitor Ramil e interpretações um tanto adolescentes.


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