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A grande piada da "sustentabilidade" no palco da moda
DUILIO FERRONATO
COLUNISTA DA FOLHA
Uma gordinha fala para a
amiga: "Ainda não arranjei
ninguém para me sustentar
aqui", a amiga explica : "Boba, essa história de sustentabilidade é coisa que tem a ver
com a natureza, não é para
arranjar marido!".
O tema parece que fez
muita gente começar a entender o que seria isso.
Não que já não estivesse
mais do que na hora de todo
o mundo estar careca de saber, mas mesmo assim foi
bom provocar.
O grande salão de entrada
da São Paulo Fashion Week
foi revestido com papelão
branco com furos redondos,
deixando entrar alguma luz
natural. Projeto dos cenógrafos Daniela Thomas e Felipe
Tassara.
O grande equívoco da cenografia foi ignorar que sustentabilidade tem a ver com
uso de luz natural. O projeto
optou por escurecer o piso
superior e usar luz artificial,
sendo que as grandes janelas
do prédio da Bienal seriam
capazes de economizar pelo
menos 30% de eletricidade.
Isso seria facilmente solucionado por qualquer escritório de conforto ambiental.
O calor causado pelas lâmpadas obrigava o ar-condicionado a funcionar no máximo.
O cenógrafo Marton fez toda
a diferença em nove passarelas. Com André Lima causou
grande impacto, utilizando
volumes de diferentes cores
e tamanhos.
Uma gafe imperdoável: as
marcas de mão por toda a
fórmica do cenário, deixando
claro que os montadores das
estruturas não usaram luvas
para a montagem.
E sustentabilidade também tem a ver com a segurança do trabalho. Equipamento de segurança é de uso
obrigatório .
Já na sala três havia uma
escada no fundo da passarela
sem corrimão. Seria motivo
para ser interditada, mas um
bombeiro, que cuidava das
saídas de emergência, disse
que um "acerto" foi feito.
Sustentabilidade também
é combater "jeitinhos".
Mas algumas pessoas parecem acreditar que sustentabilidade é só moda e daqui
a algum tempo ninguém
mais vai falar disso mesmo.
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