|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Público queria matar o autor
da Reportagem Local
"Foi um choque geral. Houve
até invasão do palco por algumas
pessoas do público, que queriam
matar o autor". Assim, o ator Renato Borghi, no intervalo dos ensaios de "Tio Vânia", de Tchekov, descreve as primeiras reações
do público às exibições do "Rei da
Vela", em 1967. Oswald de Andrade nasceu em 1890 e morreu em
1954.
"Havia um silêncio desagradavelmente longo ao final das primeiras apresentações, para depois
surgir uma reação hiperpositiva. A
crítica ficou um tempo com o pé
atrás, sem saber se aquilo era muito bom ou muito ruim", diz ele.
Borghi rememora o impulso que
resultou no "Rei da Vela" de 67:
"Queríamos encontrar um autor
que expressasse o nosso momento
de furor criativo, não só a vontade
de lutar contra a ditadura."
Já na temporada dos "Pequenos
Burgueses" os integrantes do Oficina iam percebendo que os personagens se abrasileiravam, à medida que a peça amadurecia: "Passamos então a estudar como anda o
cara que pega o ônibus, como é a
dona-de-casa, que tipo de deformação corporal ele tem. Foi uma
coisa de meses", diz Borghi.
O uso da chanchada e da estética
do mau gosto pelo Oficina foi feita
de forma crítica, pós-brechtiana e
distanciada. O sucesso também era
impulsionado pela situação conjuntural.
Naquele momento, o teatro estava numa posição de ponta-de-lança cultural, cercado de expectativas. No centro do furacão, havia
um grupo de atores, segundo Borghi: "O Oficina era uma espécie de
Rolling Stones. A gente armava a
barraca e enchia de gente".
(MVS)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|