São Paulo, sexta, 30 de janeiro de 1998

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Menus de japoneses exigem 'tradutor'

CRISTIANA COUTO
especial para a Folha

Cardápios em japonês, com o tipo de prato mal explicado ou simplesmente seu nome. E só. Os iniciantes na culinária japonesa que se arriscam em restaurantes no bairro da Liberdade, em São Paulo, enfrentam problemas linguísticos para comer e descobrem que a falta de didatismo é a regra.
A dentista Miriam Elias, 33, não entendeu o que eram as entradas "hiyayako" e "edamame" do tradicional Gombe, casa que há apenas 3 anos fez um menu "provisório" em português, praticamente só com nomes de pratos.
"Venho sempre com minha irmã, que me ajuda a pedir", diz Miriam. A irmã de Miriam, Beatriz Elias, 43, trabalha e almoça na região há 20 anos e acha que os donos de restaurantes "não sacam ou não querem facilitar".
A resposta dos proprietários, tanto do Gombe como do antigo Samurai -cujo cardápio bilíngue mal explicado tem inscrições do tipo "espeto inrolado com becom" -, é: "estamos providenciando um novo cardápio, com fotos".
Na rua Tomás Gonzaga, reduto gastronômico oriental da região, sugestões como "ippintyori", "curry udon" ou cardápios em japonês estão expostos na porta. Não é à toa que muitos clientes levam um "iniciado" à tiracolo.
Nos restaurantes dos Jardins e Itaim, como o Sea House, Aoyama e Kayomix, os menus didáticos têm até versão em inglês. Ainda assim, os garçons têm que dar uma força. "As pessoas ainda confundem sushi e sashimi", diz José Nascimento, 29, do Aoyama. No almoço de anteontem, antes de descobrir o que significava um dos pratos da refeição, a pedagoga Marli Rocha, 43, decidiu-se: "vou pedir o 'tsukemono' e mandar tirar esse tal de 'missoshiru'".



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