São Paulo, terça-feira, 30 de março de 2010

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Pesquisa leva a uma revisão do papel do artista no modernismo brasileiro

DO ENVIADO A CAMPINAS (SP)

Embora Flávio de Carvalho tenha entrado para a história da arte brasileira com o aposto modernista, ele está até hoje em situação marginal na narrativa do movimento que foi parar nas páginas dos livros.
Enquanto seus projetos arquitetônicos, sem dúvida, trabalham vários dos cânones do estilo, sua produção plástica em chave expressionista e a ênfase em atos performáticos como expressão artística levaram a incertezas em torno de seu papel na história da escola.
"Quando ele estava em atuação, era o centro das atenções", diz o pesquisador Marcelo Moreschi, que está escrevendo uma tese sobre a configuração histórica do modernismo brasileiro e agora estuda o arquivo recuperado de Carvalho. "Mas quando a história desse movimento foi escrita, ele sumiu."
Isso porque, segundo Moreschi, a história conhecida do modernismo no Brasil tem início numa conferência de Mário de Andrade, em 1942, em que define o movimento como tentativa explícita de atualizar as artes nacionais, com a vocação de inserir o país no plano internacional da vanguarda estética.
Mas Carvalho não estava interessado em nenhum tipo de "discurso nacionalista edificante". "Ele estava interessado em perseguir os interesses artísticos e intelectuais dele, não tinha um projeto nacional", afirma Moreschi. "Se você o considera modernista, é preciso repensar o que significa o modernismo brasileiro, mas ninguém problematiza isso."
Um dos motivos para esse desaparecimento de Carvalho no plano histórico é a própria desorganização do artista, que não fez questão de deixar um arquivo em ordem com suas reflexões estéticas -ao contrário do que fez Mário de Andrade, que tornou a própria produção em espécie de arquivo vivo. (SM)

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