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Pesquisa leva a uma revisão do papel do artista no modernismo brasileiro
DO ENVIADO A CAMPINAS (SP)
Embora Flávio de Carvalho
tenha entrado para a história
da arte brasileira com o aposto
modernista, ele está até hoje
em situação marginal na narrativa do movimento que foi parar nas páginas dos livros.
Enquanto seus projetos arquitetônicos, sem dúvida, trabalham vários dos cânones do
estilo, sua produção plástica
em chave expressionista e a ênfase em atos performáticos como expressão artística levaram
a incertezas em torno de seu
papel na história da escola.
"Quando ele estava em atuação, era o centro das atenções",
diz o pesquisador Marcelo Moreschi, que está escrevendo
uma tese sobre a configuração
histórica do modernismo brasileiro e agora estuda o arquivo
recuperado de Carvalho. "Mas
quando a história desse movimento foi escrita, ele sumiu."
Isso porque, segundo Moreschi, a história conhecida do modernismo no Brasil tem início
numa conferência de Mário de
Andrade, em 1942, em que define o movimento como tentativa explícita de atualizar as artes
nacionais, com a vocação de inserir o país no plano internacional da vanguarda estética.
Mas Carvalho não estava interessado em nenhum tipo de
"discurso nacionalista edificante". "Ele estava interessado
em perseguir os interesses artísticos e intelectuais dele, não
tinha um projeto nacional",
afirma Moreschi. "Se você o
considera modernista, é preciso repensar o que significa o
modernismo brasileiro, mas
ninguém problematiza isso."
Um dos motivos para esse
desaparecimento de Carvalho
no plano histórico é a própria
desorganização do artista, que
não fez questão de deixar um
arquivo em ordem com suas reflexões estéticas -ao contrário
do que fez Mário de Andrade,
que tornou a própria produção
em espécie de arquivo vivo.
(SM)
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